quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Melhores de 1997 ao vivo de verdade

Os Melhores do Ano de 1997, lá estava eu na Marginal Tietê, na famosa ADPM em São Paulo espremido entre milhares de pagantes (entre  2500 a 3000 pessoas). Curtindo a festa junto com meus amigos Ari Bazão, Agnaldo da 11, Nego Jorge e Lane. Estava tão lotado, mas tão lotado que dependendo onde você estava, para chegar ao banheiro você levava uns 15 minutos. Comprar uma cerveja ou refrigerante era outra tarefa árdua. A maioria esmagadora do publico era feminino, e as meninas estavam bem afoitas, tanto que elas mexiam, levei umas passadas de mão e quando olhava elas ficavam rindo.  Mas enfim mesmo com esses detalhes a festa foi boa, a qualidade do som era uma das que chamava mais atenção, muito bom. 

Os artistas realmente deram seu melhor, gravaram Ao Vivo de verdade, segundo informações não houve nesse primeiro, nenhuma correção no estúdio, a não ser o volume dos gritos do público. Pelé Problema o organizador era quem fazia a apresentação dos artistas que ganhavam um troféu, uma mistura de Oscar com troféu imprensa, aos melhores daquele ano de 97.  Não sei quais eram os critérios, mas provavelmente se baseavam nas paradas do rádio. Quando eu cheguei ao evento ainda estava vazio e o grupo Os Travessos se apresentava para esse pequeno público formado uma maioria pelos fã clubes, isso era umas 10:30 da noite. 

Um dos melhores shows daquela noite que me lembro foi o do grupo Soweto que cantou Negra Ângela com o Neguinho da Beija Flor. Nessa parte o microfone do Neguinho da Beija Flor falhou bem na hora que ele entrou, para dar boa noite, erro concertado rapidamente pela produção.  Meu amigo Ari Bazão passou mal quando o Soweto se apresentava e quase desmaiou, depois ficamos enchendo o saco dele dizendo que ele desmaiou por causa do Belo. Os artistas não faziam um  show completo, nem daria pela quantidade de convidados, mas alguns levaram umas três a cinco músicas para animar a galera. O Exaltasamba foi outro que tocou muito bem, junto com Reinaldo. Um detalhe que infelizmente não lembro com certeza é a respeito da banda que acompanhou os artistas. É que na hora nem me atentei a esse fato, tive a impressão que cada um levou a sua banda, mesmo com a dificuldade de montagem e equalização rápida. 

 Hoje talvez seria impensável pensar nesse formato, já que é mais fácil contratar um arranjador e músicos para fazer essa parte musical, ensaiar e na hora os artistas fazerem o combinado. Mas sentia certo clima de correria no palco de uma apresentação para outra, tanto que uma das apresentações mais confusas foi da Leci Brandão, Almir Guineto e Jovelina Pérola Negra. Com o Guineto suando e com uma toalha em mãos gesticulando nitidamente irritado em ter que voltar a gravação e mandando a percussão  do grupo Sampagode subir o ritmo. Mas são coisas normais em qualquer show, tanto que a gravação deles, mesmo tendo que repetir uma vez, ficou bem legal depois de arrumarem alguns detalhes lá na hora, repare o som do baixo do Pedrinho Sem Braço, coisa linda.  

O CD saiu em 1998 pela Indie Records com o título Os Melhores do Ano e foi distribuido pela Eldorado. O trabalho ficou muito além do esperado, muitos artistas se superaram e muitos estavam no seu auge, tais como grupo Sem Compromisso, Katinguelê, Exaltasamba, Sensação...enfim todos os participantes. E reunir nomes de peso como Zeca, Aragão, Almir, Leci, Beth, Alcione, Fundo de Quintal num mesmo show ao vivo? é tarefa pra poucos hoje em dia, nem sei voltará a ter um time assim numa mesma noite. Para encerrar lembro do Fundo de Quintal cantando Parabéns Pra Você só nas vozes e o público no compasso das palmas. Isso já era umas seis da manhã e parte do público já havia ido embora e outros dormiam nos cantos ou estavam exaustos sentados no chão. Essa imagem não sai da minha cabeça, enquanto eu ia deixando o local para ir ao fusca do Lane, para irmos embora extasiados.


Clique na capa sem problema







quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Um caso de amor ilegal: LP Pirata


Nesse texto de hoje vou falar um pouco de uma paixão que me traz momentos nostálgicos em minha mente. A sensação emocionante e inexplicável quando pego um disco pirata na mão. Remete-me a muitas coisas, uma delas que me vem na lembrança agora é os tempos em que eu trabalhava de office –boy e com meu salariozinho contado conseguia me equilibrar para comprar um disco. Mas não era qualquer disco! Era um pirata! 

O ano era final da década de 80 e início da de 90, o local que eu me lembro de ir com frequência era uma galeria ali na Rua Benjamin Constant no centro de São Paulo. O vendedor colocava faixa por faixa, só um trecho para atiçar os ouvidos presentes, que eram inúmeros e por ordem de chegada. Chegava minha hora de ser atendido e algumas vezes pegava uma bolacha igual a que os outros tinham comprado, pois já havia escutado e tal. Outras vezes pedia o meu prato predileto, que consistia em um LP pirata/coletânea que tivesse não só uns balanços mas ao menos umas duas melodias. Os piratas com balanços e samba rocks no mesmo disco eram raros, mas “de vez em nunca” surgiam.

As capas eram na maioria de uma cor só, mas depois de um tempo apareceram muitos  plays piratas que tinham algum desenho na capa, eram desenhos as vezes simples e amadores, mas que davam uma identidade crua para o vinil. Sem contar os discos de vinil coloridos: transparentes, rosas, azuis, brancos, beges, esses as vezes vendiam só pelo fetiche desse diferencial, pois a qualidade sonora não era lá muita coisa, eram as vezes até mais pesados que os vinis normais. Até os vinis pretos, se você não ficasse esperto vinham com algum pequeno defeito, raramente arranhados, mas com deformações, tortos e até com partes da música mais graves.

Não gostava muito dos discos que tinham o rótulo em branco, sem informação nenhuma, evitava ao máximo, mas quando não tinha jeito e se escutasse uma música que eu queria muito eu comprava também, depois anotava de caneta se fosse o caso.

Uma coisa que sempre me intrigou era quem escolhia o repertório dos piratas? Será que tinha um pessoal de equipe envolvido? Só sei que a seleção era ditada pelo que rolava nos bailes, mas havia alguns que parecia conter um gosto todo pessoal da figura secreta que escolheu. Posso dizer que o gosto desse misterioso DJ era na grande maioria das vezes muito bom.

Depois de uns tempos até a pirataria foi meio que industrializada, pois surgiram selos! Tinha a Ilegal Records, Bala na Agulha , Black Time e algumas equipes de baile lançavam coletâneas com nomes de seus programas, com capa e informações mais caprichadas. Se os direitos autorais chegavam ou não para os gringos não sei. Como por exemplo as coletâneas do Mancha, Five Star, Circuit Power, Dinamite e afins. Outra coisa interessante era o nome escolhido para as coletâneas que pareciam meio improvisados, como Black Time Rappers, Love Time, Sweet Love, Black Total Special, Love of Love, Very Special, Black is Black e por aí vai.

Depois da metade da década de 90, vieram os CDs, que não eram piratas, mas coletâneas, como Som na Caixa, Dinamite Black Total, Bala na Agulha, Love Songs, Sweet Dreams, 100% Black, Swing Brasil, Flash Rap...Algumas dessas coleções eram feitas quase que artesanalmente e vendidas nas grandes galerias da rua 24 de Maio. A vantagem era que cabiam umas 20 músicas em cada e os volumes iam do 01 ao que a mente criativa de quem inventou a coletânea desse, o Swing Brasil por exemplo, de samba rock, teve uns 20 volumes.

O blog dimiliduques vai colocar um LP pirata o qual eu gostei muito, foi feito o download do blog O Som da Massa do parceiro  Celso dos Santos Pires o DJ Pirata, nesse link http://equipepiratadobom.blogspot.com.br. O LP é o Black Time 1992 que tem vários pesos, entre eles um remix da musica Gladiator do grupo 3rd Bass, Cookie Crew com um sampler conhecido e sinistro (da cantora Gwen McCrae - 90% Of Me Is You) na The Powers of Positive Thinkind. Tem também o rapper D-Loc com uma que rolou nos bailes a Regina The Teaser e as lindíssimas melodias de Jamm com The Games We Play e R. Kelly com  Honey Love. 

Agradecendo desde já pessoas como o DJ Pirata, que nos fazem reviver o passado e de graça disponibilizam essas joias da black music. Em tempo, o final dessa historinha é um drama, todos os meus vinis piratas eu perdi, infelizmente uma parte foi roubada em casa e outra quando entrei numa equipe e o “sócio” fugiu e levou todos os vinis com ele. 

Navegue nessa nau e click na capa







segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Samba Rock direto e reto no dimiliduques


Outra vez falar de samba-rock? Lógico e olha que em breve poderá se tornar patrimônio imaterial da cidade de São Paulo. É um ritmo? é uma dança? É tudo isso e muito mais! É suingue é swing. Já foi chamado de Jovem Samba, Sambalanço e Suingue, desde o encontro das guitarras e baixos elétricos com os couros do samba de morro. A soul music americana e o funk também teve influência com seus arranjos, principalmente com Tim Maia e o movimento Black Rio. Nos bailes black de São Paulo a coisa fervilhava e a hora das rasteirinhas era plenamente esperada.
Nos anos 90 a coisa deu uma esfriada, somente guerreiros ainda alçavam sua bandeira como Bebeto, Branca Di Neve, Luiz Wagner, Bedeu e outros que continuavam na ativa mesmo nas torrentes ondas contra. Nos anos 2000 pode-se dizer que aconteceu um revival como a formação da banda Clube do Balanço e artistas como Simoninha, Max de Castro, Jair Oliveira...trazendo essa influencia soul e sambarockeira misturada com pitadas de MPB.

Blog pessoal tem dessas coisas, não é segredo que por aqui você encontrara vez por outra uns discos de rap , uns de samba rock, melodias românticas, além dos já tradicionais pagodes e sambas. Mas aqui no blog dimiliduques, tudo é feito com carinho e cuidado, como nessa coletânea com 34 músicas divididas em dois volumes  de Suingue e Samba Rock. Colocamos algumas novidades que vieram pelo ar e nos ARquivos amigos e outros suingues mais antigos que achamos nos baús da vida.

E saber que cada vez mais grupos, bandas e cantores abrem espaço no seu repertório para colocar um samba rock e outro é muito legal. Lógico que é pouco, mas um passo é melhor que nada. Não vou aqui levantar discussões do tipo: “tá na moda, por isso os produtores indicam ao artista colocar no set list”. Esse “tá na moda” então faz tempo hein...desde os anos 60 com Jorge Ben?, bailes black? Anos 70/80?. Deixa pra lá, o importante é que o samba-rock vem ao longo de sua história conquistando mais e mais seu espaço merecido. É passado de geração por geração, algo mais nítido no meio da negritude, mas não há segregação e sim acolhimento, musical e emocional!
Viva o samba rock e o suingue brasileiro!
http://www.mediafire.com/file/klmiv27i5a4fyro/Swing+%26+Samba+Rock+sele%C3%A7%C3%A3o+Dimiliduques.+vol+1++by+tchelo.rar

Abaixo lista de músicas do volume 1


http://www.mediafire.com/file/ac7zokx512esxvc/Swing+%26+Samba+Rock+sele%C3%A7%C3%A3o+Dimiliduques+vol+2+by+tchelo.rar
Abaixo lista de músicas do volume 2

Forró com pagode, forrogode.




Quando se fala de forrógode pode ser que tudo não passou de uma moda passageira, mas na verdade tem muito mais por trás. A confluência entre os ritmos passa por suas origens europeias e africanas e desagua no Brasil, numa música do povo. No livro Partido Alto de Nei Lopes, li que essa influência do forró no samba veio com os migrantes nordestinos para os morros e favelas do Rio de Janeiro. Numa época em que a população ainda se formava em aglomerações populacionais, por volta da década de 40. Anteriormente já havia muitos nordestinos que vieram na explosão demográfica na década de 20 quando o Rio de Janeiro era capital do Brasil,e por aqui fixaram residência. 


Um dos locais mais frequentados era a área central e dos portos na cidade do Rio de Janeiro, onde negros , nordestinos, marinheiros, estivadores conviviam. E a música muitas vezes refletia essa mistura, imagino a cena onde um vizinho, um amigo nordestino com sua sanfona e um sambista com seu pandeiro ou tamborim versavam e faziam música de improviso. No que se diz respeito aos versos de improviso, importante notar que na cultura nordestina tinha além do forró, xote, xaxado, lundu, baião, os ritmos coco e embolada que eram fortemente calcados em versos criados na hora. 


Um dos grandes da música nordestina, Luiz Gonzaga tinha alguns laços no morro de São Carlos no Rio, seu filho Gonzaguinha foi criado lá. Outros artistas na década de 50 deram continuidade a veia nordestina foram Dominguinhos que tempos depois participou de discos de muitos sambistas. E Jackson do Pandeiro, que só de carregar pandeiro no nome artístico os sambistas ficaram de olho, e volta e meia Jackson é lembrado em regravações e citações em letras de sambas. 


A mistura se dá na métrica, na divisão rítmica , nos temas das letras e principalmente na incorporação dos instrumentos como a sanfona, o triângulo e zabumba  misturados com surdo, tamborim, cavaco, já o pandeiro é um instrumento comum aos dois ritmos.


O termo forrogode é recente, da década de 80 e um dos primeiros a usar o nome e a gravar um trabalho mais voltado ao estilo que misturava samba e forró foi o cantor carioca Elson do Forrogode em 1987 com o lançamento do LP intitulado Forrogode. O próprio diz que a palavra forrogode foi sua criação e a ideia surgiu em suas andanças pelo Brasil e pelo fato de gostar muito dos dois ritmos. Mas podemos também considerar o coco uma das primeiras manifestações que tinham como influencia o samba e o forró, o próprio Bezerra da Silva antes de ser sambista, gravou os seus dois primeiros discos; o Rei do Coco I e II. O certo é que nos anos 80 muitos sambistas/pagodeiros em seus trabalhos solos colocavam um forró com pegada de pagode. Mas antes já tinha sambista fazendo essa mistura, é o caso de Tião Motorista em 1977 com a música Beira Rio e Clara Nunes gravou de Sivuca o forró Feira de Mangaio em 1978. O dimiliduques faz uma..uma não! duas! coletâneas de algumas dessas músicas, para ilustrar um pouco mais a conversa. 

Clique nas capas e Muito forró e muito samba...para todos...for all!


https://www.mediafire.com/view/b92kmz88293zr2k/Volume%201%20Forrogode.rar

Abaixo as musicas do volume 1



https://www.mediafire.com/view/y05q654crrp44o5/Volume%202%20Forrogode.rar

 Abaixo as musicas do volume 2

 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

1º Festival de Pagode do Só Pra Contrariar

A casa de shows e choperia Só Pra Contrariar ficava em ótima localização para a vida boemia de São Paulo, no bairro do Bexiga. O seu dono era o empresário Jorge Hamilton e por lá passaram grandes sambistas que depois se consagrariam. Como os grupos Sampa, Art Popular, Sampagode, Da Cor do Pagode, o cantor Betho Guilherme e muitos outros.


Em 1988 e 1989 a casa lançou duas coletâneas com o nome de Só Pra Contrariar e Seus Convidados (volumes 1 e 2) essas duas com grupos que volta e meia tocavam na casa. E em 1991 ainda saiu a coletânea O Melhor do Só Pra Contrariar e em 1992 aconteceu o 1º Festival de Pagode do Só Pra Contrariar, todos esses discos saíram pela gravadora de Jorge Hamilton chamada JWC (depois mudou o nome para Jota Haga).

O blog dimiliduques coloca a disposição o LP do festival de 1992. Ele aconteceu em meados de 1990 no palco da própria choperia principalmente a sextas feiras.  Muitos grupos bons saíram nessa coletânea; temos o grupo Beira Rio onde o cantor Belo era cavaquinista, e por incrível que pareça não foi ele quem cantou a faixa Swing Pra Mulher (Zezinho/Marcelo Aranha). Os Magnatas do Pagode foi um dos que tiveram a música mais divulgada do LP, Doce Mania (Zezinho Cipó) e até hoje figura no arquivo de samba das emissoras de rádio. 

Outro grupo de destaque era o Grupo Cultural Samba com a faixa Saudade (Carlinhos Azevedo) da região da zona Sul de São Paulo que tinha entre seus integrantes  Dendén (violão), Tiguera (cavaco), Reginaldo (reco) e Maurinho (repique), depois lançariam um solo pela própria JWC. Outros grupos os quais eu conhecia eram: Plena Confiança do ótimo vocalista Ailton, sua música Sem Mistérios,Nem Fronteiras (Tinho/Gildão/Nenê) também era uma das melhores da coletânea, eram de Diadema. O grupo Luz e Poesia do Beto do pandeiro com a música Vilão  que chama a atenção pelos nomes dos compositores (Du's Betu's/Tião Samba Clube) eram da região sul, no Jardim Miriam. E o ótimo grupo Sentimento de Posse (do cavaquinhista Paulinho e do vocalista Evandro) era do bairro da Pedreira, teve também umas das faixas mais comentadas do disco, Louca Por Mim (Salgadinho/Dal/Juninho do Banjo)


Outro que tive a oportunidade de conhecer foi o pessoal da zona Leste, o grupo K Entre Nós, muito versáteis no palco, lançaram a dançante Inspiração de Um Poeta (Adriana Moreira). O Grupo Naturalidade um dos únicos que gravaram um partido alto, Este Ser (Titi do Cavaco/Washington Cantareira), era da zona Norte pelos lados do Tucuruvi e se não me engano, fazia parte o Fabinho Natura compositor de mão cheia de entre outras Eterna Lua de Mel e Sempre Vai Haver Amor do Grupo Malícia.

Completavam o time os grupos Oitava Cor, esse nome depois viria a batizar vários outros grupos em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Grupo Serra Samba (com o figurino da foto bem clichê na época). Grupo Alforria, sempre achei esse nome forte e eles  entraram com o swing Raro Brilhante (Carlinhos Alforria). E o Grupo Bem Bolado, esse já bem conhecido, em tempo; toda improvisação no pagode tem o nome de “bem bolado” era bem comum um grupo que não tinha nome usar esse provisoriamente. O grupo Bem Bolado chegou a gravar outra faixa, Meu Sentimento (Edson Fumaça) na coletânea Sabor Brasil da Transcontinental.  


Conversando com o Renato Tiguera que fez parte do grupo Cultural Samba, ele nos contou algumas curiosidades. Por exemplo o grupo Magnatas do Pagode que era do interior de São Paulo (Araraquara) não chegou a participar efetivamente do festival, foi convidado pelos organizadores. Os jurados do festival eram integrantes e sambistas que tocavam na casa e o empresário Jorge Hamilton. Eram quatro grupos por chave que participavam com duas músicas inéditas cada e ninguém participou com banda (contrabaixo/bateria e teclados). Os grupos depois, não tiveram acesso a quantos Lps foram prensados e nem tiveram direito a cotas ou direitos financeiros de vendagens. Um dos grupos que participaram, não passaram de fase, mas que depois conseguiram seu espaço foi o Mi Menor da zona Leste de SP. Segundo Tiguera "as gravações aconteceram num estúdio no bairro da Bela Vista, uma tiração de sarro, com todos os grupos presentes, tinha até fila! era nossa primeira experiência em estúdio, um pouco de tensão, mas foi marcante e muito legal". Ele puxou da memória alguns dos músicos participantes, já que o LP que eu possuo está sem os encartes onde consta a ficha técnica; Edmilson Capelupi (Arranjos e Violão), Marcio Hulk e Biro do Cavaco (cavaco), Delcio Luiz (banjo), Bororó Felipe (baixo), Fred (surdo), Edu Neto (teclados), Fumaça (pandeiro), Paulinho Sampagode (tantan) e Camilo Mariano (bateria). O disco teve alguma repercussão no meio dos pagodes e  abriu várias portas para os grupos participantes. A qualidade musical do disco é indiscutível, os músicos e arranjadores souberam delinear o som, resultando num trabalho profissional e bem feito.






Clique na capa e bora sambar







Repost: Tim Dog, um dos primeiros cachorros loucos do rap americano

O rapper Tim Dog tinha um timbre nervoso, um agudo abafado que fazia com que seus raps tivessem todo um clima de revolta. A levada era aquela noventista, na cadências dos bits e no ritmo.  Quando tinha meus 16 anos, lembro que ainda cantava rap com os manos DJ Claudinho, PESO e Reni C.  esse play rolava direto. E tinha ali uma instrumental da hora que a gente fazia umas rimas em cima, era a faixa Step To Me.

Obviamente não entendíamos muito de inglês, mas dava pra ouvir em músicas (Fuck Compton por exemplo)  alguns xingamentos endereçados aos manos do grupo de rap NWA, CMW, Dj Quik,  Eazy-E, Ice Cube e para o rapper Ice T. Tim Dog abusava dos "fucks", "bitchs" e "shits". É um daqueles discos em que o selo de advertência "Parental Advisory Explicit Lyrics" era obrigatório. A produção ficou a cargo do próprio Tim Dog e de Kool Keith, Ced Gee, TR Love e Moe Love, todos eles integrantes do grupo Ultramagnetic MCs, exceção feita a duas faixas produzidas por Bobby Crawford do grupo Ol Skool.

Nascido Timothy Blair, Tim Dog era um rapper da costa Leste dos EUA, mais precisamente de New York, Bronx e fez parte de uma das maiores tretas do rap americano. Ele teve a coragem de bater de frente com os rappers que estavam fazendo sucesso na época no estilo gangsta. Culminando no ódio musical entre as costas Leste e Oeste (que por vezes extrapolou para tiros e mortes).  Exemplo disso foi a treta dos primórdios entre Boogie Down Productions x Juice Crew, das rappers Lil Kim e Foxy Brown,  Ice Cube contra NWA, The Game x 50 Cent e por aí vai. E uma das mais notáveis e trágicas (onde ambos acabaram mortos a tiros) envolveu os rappers  Notorious B.I.G.  (Costa Leste) e Tupac Shakur, que deram continuidade a essa briga dentro das gravadoras rivais Bad Boy Records de Sean Combs (Puff Daddy) e Death Row de Suge Knight.

O blog dimiliduques põe a disposição o seu primeiro álbum, Penicillin on Wax de 1991 da gravadora Columbia, pelo selo Ruffhouse (ligada a multinacional Sony). A maioria das músicas tem uma pegada mais para frente. Além das já citadas acima, tinha uma faixa Secret Fantasies em que a instrumental é permeada de gemidos como numa transa. Já em Michelle Conversation é simplesmente uma conversa telefônica que parecia uma voz infantil, era uma de suas “homenagens” fazendo piada com a voz da cantora de R&B Michel’le, da cidade de Los Angeles que era artista do selo Ruthless que era de prorpiedade de Eazy-E. Tem também uma vinheta, que usa a voz do falecido comediante  Robin Harris na faixa Robbin Harris Shit, em que ele diz Fuck Compton.

O rapper Tim Dog morreu aos 46 anos no dia 15 de fevereiro de 2013, devido a um mal súbito provavelmente por complicações ligadas a sua diabetes. Na época cogitou-se até que seria um golpe de marketing ou que ele estaria se escondendo para não pagar uma dívida em dinheiro (processo que perdeu no tribunal). Mas mesmo sem um atestado de óbito e por sua família ter ficado de luto sem dar declarações a respeito, a verdade veio a tona e Tim Dog não esta mais entre nós. 




Repost: Lig lig lig... quem nunca ouviu esse começo da Melô do Patinho?

A dupla MC Kooley C e DJ KJ são oriundos da Florida e ficaram famosos aqui no Brasil pela melô do Patinho (Big D). Chegaram a fazer shows no Brasil em apresentações no Club House em Santo André  e no ginásio do Palmeiras em 1988. O grupo lançou dois singles em 1986 com os titulos de Lets Get This Party pelo selo Beware  Records e Started,Just Luke and Listen / Shery and Donno pelo selo Luke Skyywalker Records .O blog dimiliduques põe para todos o LP  com a citada famosa música Big D, lançado em 1988 intitulado Our Time Nas Come pela Beware Records (no Brasil saiu pela All Disc /Eldorado) .

Cara, namorei esse vinil por muito tempo, passava numa loja ali em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Mas meu ordenado de office boy não dava pra comprar, então meu tio Galo arrumou pra mim. Não vou dizer que fiquei decepcionado, na verdade o disco era fortemente influenciado pelo Miami Bass e Electro Boogie. Gostava mais das músicas Big D e Know U Better.  São boas recordações ao olhar a capa de fundo marrom com os dois artistas a frente e o selo “Incluindo o sucesso Melô do Patinho”.
Mas enfim, o Miami Bass ainda não era tão difundido na época e eu curtia mais o que a gente costumava chamar de balanço. Nos arranjos rápidos os caras usavam muitos sintetizadores, scratchs e a bateria eletrônica TR-808. O disco era bem produzido e Kooley C. mandava bem na rima e no ritmo. Hoje olhando para trás, os caras estavam lançando uma semente que deu frutos juntamente com Steady B. , Dynamix II, 2 Live Crew, JJ Fad,  Rodney O, Sir Mix-A-Lot e outros.

Atualmente, Kooley C, mora no sul da Flórida é um conceituado produtor, já trabalhou com novos nomes, como Pretty Rick e Pitbull.

Clique na capa sem afinar a voz

http://www.4shared.com/rar/ZIN1DlMlce/Dj_Kj__Mc_Kooley_C_-_Your_Time.html


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Repost: Pé Moleque um grupo mais que amigo



O grupo Pé de Moleque tem origem na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo em 1990. Quando uns amigos que andavam juntos na escola e dançavam break resolveram montar um grupo de samba. E frequentando do outro lado da cidade, as tardes de pagode no Camisa Verde e Branco a inspiração falou mais alto e ali encontraram o ambiente propício para levar a ideia adiante. A primeira gravação foi em 1991 , uma faixa no LP/coletânea do Choppapo. A música em questão era a Carente de Paz composição de Helder Celso/Rogerinho, aliás o grupo já havia ganhado um festival no Festival do Botequim do Camisa. A coletânea do Choppapo era uma daquelas bem fortes,  com vários grupos bons como Exaltasamba e Katinguelê. O Pé de Moleque foi um dos que se destacou e se apresentou por vários locais em São Paulo. 

Em 1993 veio a chance de gravar um solo, pela até então recente gravadora, Paradoxx Music. Lançaram  o LP “Mais Que Amigo” e logo de primeira causaram uma ótima impressão. Diretamente do Studio 464 no Rio de Janeiro com arranjos de Mauro Diniz e o resultado ficou muito bom. O blog dimiliduques põe mais esse tesouro do pagode noventista a disposição.

Na capa o figurino foi bem colorido com camisões que na época eram a moda da juventude pagodeira. Fotos do saudoso Aki Morechita que fez várias capas não só de pagode mas de sertanejos nessa época (Leandro e Leonardo por exemplo). O design foi do Luiz Cordeiro o famoso Katmandu. E até os cabelos tiveram a mão dos salões do Toninho Black Power um dos pioneiros das grandes galerias em São Paulo (Rua 24 de Maio).

Se liga no time de feras como músicos. O arranjador Mauro Diniz também tocou banjo, cavaco e violão, Helder Celso no cavaco, Jorge Simas violão de 7 cordas, Bororó contrabaixo, Lobão Ramos nos teclados, Jorge Gomes na bateria,  Felipe D’angola surdo e percussão, Mokita no pandeiro, Reinaldo Batera no repique e percussão e  Macalé percussão. 

Na época da gravação o grupo era formado por Helder Celso (vocal e cavaco), Mokita (pandeiro), Rogerinho (tamborim), Odair Odamoleque (timba), Josenario Mascarenhas (violão de 6), Pelé (surdo) e Nikimba (reco). Uma curiosidade é que os integrantes Mokita e Helder Celso (na época ainda Elder), são filhos do locutor Moisés da Rocha, grande defensor do samba na rádio USP FM de São Paulo.

Destaques para as músicas Mais que Amigo (Mokita/Helder Celso/Rogerinho/Nikimba) Tá na Hora (regravação do swingueiro Bedeu), Por Onde Ir (Mokita/Helder Celso), Carente de Paz (Helder Celso/Rogerinho) aqui com um arranjo um pouco modificado. Mas o LP inteiro é de bom gosto, incluindo as faixas; Fundamentos do Amor (Adilson Bispo/Borracha/Pelezinho) , Nas Pegadas de Um Amor (Mauro Diniz), Pra Que Sentir Solidão (Helder Celso/Rogerinho) e os partidos Festa na Cozinha (Juninho/Salgadinho/Papacaça/Dal), Luz da Poesia (Helder Celso/Chiquinho dos santos) /Meu Sambista Meu Amigo (Carica/Soró/Luizinho SP) e Velhos Arvoredos (essa última do grande sambista Wilson Moreira).

O grupo ainda lançou mais um ótimo CD intitulado Um Novo Olhar em 1996. E fez parte dos grandes do pagode, até metade dos anos 2000 ainda fazia shows mas depois disso o grupo deu uma parada.

Clique na capa e prove o doce pagode