Como se fosse hoje me lembro do
lançamento do disco do Pavilhão 9 intitulado 1º Ato. Imagine que o lançamento
foi num salão em pleno bairro nobre dos Jardins, Zona Sul de São Paulo. Aquele inicio dos anos 90 iria marcar e ano
de 1992, o pré-lançamento do P9 também. Fui
convidado juntamente com meus manos do grupo de rap RDS (Reorganização do
Sistema) para prestigiar. Chegando ao endereço um pessoal diferente, com roupas
bem diversas da nossa (provavelmente eles estavam pensando o mesmo de nós...).
Na entrada um cara estilo roqueiro com jaqueta de couro preto, cabeça raspada,
olhos claros, vendia uns bottons. Em meio aos souvenirs reparei um da suástica
nazista, ih vai dá merda. Entre os manos
que ali estavam muitos faziam parte do movimento negro e quase o tempo fechou.
O cara só escapou porque deu uma de “jão” e afirmou desconhecer o significado
daquilo. “Pensou que era da guerra? Pá cima de nóis? Se joga!” assim
educadamente ele foi convidado a sair da nossa vista.
Beleza e aí o Pavilhão Nove chegou?
Os seguranças responderam que sim, mas que não poderíamos entrar, o porquê?
Estávamos com bonés e tênis e ali naquele ambiente só poderiam entrar com
outros trajes. Que cilada! Começou um burburinho e juntou muita gente ali na
entrada, a confusão era latente. Mas algum representante do grupo veio falar
com a gente (empresário?). Mas enfim “Maomé veio até a montanha” e os
integrantes do Pavilhão 9 vendo a situação, resolveram da seguinte forma:
Subiram no teto de um opala e cantaram a capela as músicas do disco (todo mundo
marcando o compasso com a palma da mão). Não sem antes trocar uma ideia, jogar
algumas capas para quem as pegasse e sair com um vinil novinho. Todo mundo
abraçou e no fim fomos embora, nem sei se os caras fizeram o show pros
playboys, devem ter feito.
O disco foi polêmico, entre as
faixas saíram; Calibre 12”, Manos Errados e quatro versões para Otários
Fardados. Isso acabou gerando várias ameaças de morte ao grupo, que depois começou
a se apresentar com capuzes e mascaras. O selo independente era a Radical Ltda
Produções Artísticas e a produção foi do DJ Marcello e P9. Boa sacada colocar os lados dos disco como Lado Certo (A) e Lado Errado (B). O grupo foi formado
no Grajaú, São Paulo, em 1990. E tinha nessa época como integrantes Dj Branco,
Piveti, Rho$$i e Camburão. O grupo virou banda, misturou hard core/rock/punk com
rap e fez muito sucesso (o ápice no Rock in Rio em 2001). Lançaram nesse
formato os álbuns Cadeia Nacional (1997), Se Deus Vier que Venha Armado (1999),
Reação (2001) e Público Alvo (2004).
Piveti saiu do grupo um ano
depois, entrando em seu lugar o vocal Doze. Camburão e Branco ainda participaram
da gravação do ótimo Procurados Vivos ou Mortos de 1994. Camburão teve problemas com
drogas e acabou afastado, mas com sua voz grave lançou o solo “Brasil, país do
crack (2001)” se apresentava como Camburão e Arsenal. Piveti acabou sendo preso
e dizem que sofreu um bocado quando reconhecido como o rapper que compôs
Otários Fardados. Já em liberdade lançou em 1994 o seu álbum solo, muito
elogiado na época, produzido por Edu-K e intitulado de Ex-Detento. Branco
também se lançou como MC ao lado de Piveti como dupla lançaram dois trabalhos,
Elos da Vida (1998) e A Última Gota (2004). Branco recentemente lançou o CD Quanto
Mais Branco, Mais Preto (2013). Há também os solos do ex-vocalista Rhossi,
Primeira Prova (2008) e A Hora É Agora (2013).
Não dê uma de mano errado, clique na capa.
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