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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Repost: Racionais um verdadeiro poderio urbano nas rimas

Racistas otários nos deixem em paz... eis o começo de um dos raps que mais abalaram as minhas estruturas. Eu fiquei louco, que base é essa? (descobri depois que era ESG - UFO), Que letra é essa?. Nada mais nada menos do que Racionais MC’s. Já conhecia os manos da coletânea Consciência Black volume 1, com duas músicas (Tempos Difíceis e Pânico na Zona Sul) que acabaram entrando no solo deles posteriormente.  O grupo foi formado oficialmente após as gravações da coletânea (que é de 1988), já que Edi Rock e KL Jay eram uma dupla da zona Norte e Racionais eram somente Brown e Ice Blue da zona Sul de São Paulo.

O primeiro LP solo saiu em 1990 pelo selo Zimbabwe Records, mas tem prensagem que saiu em 1992, já que a gravadora era pequena e fazia o papel de distribuidora conforme a demanda. Gravado nos estúdios da Fieldezz com produção de KL Jay  e co-produzido por Alexandre e Marcelo (2 Habone). Nunca podemos esquecer que o agitador cultural Milton Salles que por um período foi uma espécie de guru e empresário dos manos, é um dos responsáveis pelo surgimento do grupo. Miltão esta inserido como principal figura para o desenvolvimento e andamento do movimento rap em São Paulo e no Brasil. Pode-se dizer que nesse primeiro trabalho a amizade e até a influência ideologica dele permeou algumas faixas. 

O que o Racionais tem de diferente dos outros grupos? Essa era uma pergunta que sempre vinha a tona quando um álbum dos caras era lançado. E na minha humilde opinião, eles sempre inovam. Conseguem se reciclar dentro de um estilo que acaba por segmentar seus artistas. Se o rapper vacila ele acaba atirando a esmo, se repetindo e até se contradizendo. Somente pessoas muito boas no que fazem e com uma visão além do óbvio, conseguem se diferenciar.

E eles inovavam nas letras, compare a evolução literária/construtiva de Mano Brown/Edi Rock/Ice Blue desde esse LP de 1990 até o lançado em 2002, o Nada Como Um Dia Após o Outro Dia. Você verá que mudam os jargões, mudam as palavras usadas (em 1990 um português mais próximo do culto, em 2002 assumiram as gírias e estilo coloquial). O discurso que antes era meio panfletário / revolucionário, assume ares mais equilibrados e até em raros momentos, festeiro. Mas não pense que se acalmaram da verve crítica. Todo trampo dos Racionais você verá um mosaico que fala da violência periférica, injustiça, polícia, miséria,preconceito racial/social e vida criminal.

Os instrumentais do Holocautos Urbano, também são inspirados no G-funk norte americano e samplers de James Brown e funk setentista/oitentista são uma constante. O que se ouvia de influencia no rap era o que o DJ KL Jay trazia aos ouvidos deles e o que os DJs das grandes equipes tinham. Ou seja o que era lançado la fora em 1987 ou 1988 chegava aqui um pouquinho depois para quem tinha acesso e um ou dois anos depois para quem estava a margem da discotecagem. O que pode ter servido de base por exemplo King Tee, Ice T. Boogie Down Productions, Marley Marl, Eric B e Rakim, Biz Markie, LL Cool J, NWA e por aí vai. Essas bases são mudadas ao longo dos anos, conforme novos parceiros são adicionados as produções (cantores e músicos profissionais no álbum Raio X Brasil e produtores do Instituto em Nada como Um Dia...).

No álbum intitulado Holocausto Urbano o clima é de revolução, com ideais de união entre os negros e luta contra a opressão da polícia e elite.  Discurso que seguiu firme e amplificado no trabalho de 1992, o Escolha Seu Caminho, um album que continha duas músicas longas. no Raio X Brasil há uma certa aproximação musical/popular/brasileira com smplers de Tim Maia,participação de figuras do pagode/samba e rádios de outros segmentos, a Jovem Pan rolando faixas como Homem na Estrada. Tudo isso deu impulso  ao recordista de vendas de 1997, Sobrevivendo no Inferno, um caso a parte no rap brasileiro.

Voltando ao LP de 1990, o cotidiano violento dos justiceiros na letra de Pânico na Zona Sul, combinando com sampler de Mind Power de JB’s. O preconceito racial histórico/brasileiro ocultado, mas colocado para fora em Racistas Otários que tem a frase certeira “...que negro branco e pobre se parecem mas não são iguais...” .  Na letra de Tempos Difíceis e Beco Sem Saída a voz seriamente grave de Edi Rock dando um alerta para o mundo. A herança hedonista de NWA e Eazy E em Mulheres Vulgares, essa base me lembra as produções do Gran Master Ney. E o fosso social e o sotaque bandido/paulistano na criativa Hey Boy.

Para mim um marco do rap nacional, um disco que é símbolo de uma época, o começo dos anos 90 e do hip hop nervoso de São Paulo, faz parte da minha história no rap.

Clique e sinta o clima noventista do rap







domingo, 16 de outubro de 2016

Repost: Derek B , esse é bala na agulha


Bullet From a Gun, hoje numa tradução mais ao pé da letra seria: Bala na agulha. Esse era o título do primeiro álbum do rapper britânico Derek B. 

Derek Boland nasceu em 15 de Janeiro de 1965 em Londres, começou a carreira aos 15 anos como DJ e chegou a comandar programas em rádios piratas até ter a sua própria estação.  Foi um dos primeiros artistas ingleses no estilo hip hop a ficar no TOP 20 das paradas do Reino Unido. E também um dos primeiros rappers a se apresentar no programa da rede BBC; Top of the Pops. Trabalhou depois como produtor, atuando com gente importante do mundo hip hop, como Eric B e Rakim. 

Era dificil um rapper britânico conseguir seu espaço se mantendo no país de origem, mas Derik foi exceção. Outros rappers de lá tiveram que atravessar para a américa e mostrar seu talento. É o caso de Slick Rick que fez historia no hip hop. Teve o Young MC mas ele veio ainda criança para a américa. Conheço pouco o rap da terra da rainha, mas poderia citar tambem dois que são bons o Tricky e o Roots Manuva.

Eis aqui no blog dimiliduques o LP de Derk B lançado em 1988 pelo selo Tuff City Records / Tuff Audio - aqui no Brasil pela gravadora Polygram/Mercury.

Ver a capa desse LP me trás muitas recordações boas, tem sabor de infância, gostinho de tubaína e pão com “mortandela”. Rolar esse vinil no 3 em 1 lá de casa era de lei. Lógico que a música mais tocada era Bullet From A Gun, que era sucesso nas rádios e bailes blacks de São Paulo.  Esse rap já começa arrebentando, com uma entrada bem criativa, sons de passos e uma voz sinistra tipo Darth Vader, em seguida vem as primeiras batidas do instrumental, um loop e a voz agressiva de Derek B.

Mas tinha outra que eu adorava também, era a Good Groove como o próprio nome diz, "grooveada". A faixa Sucess tinha todo um clima soturno, bem legal. Na Derek B's Got, samplers de James Brown dão o tom. Get Down também tinha lá sua beleza, citando a música dos Jackson's Five, I Want You Back. E até um sampler do famoso riff de guitarra do rock Smoke on The Water do Deep Purple rolou na faixa All City. Em Rock The Beat, outra daquelas guitarras funkeadas estilo JB's. E a minha preferida era Alright Now, mano que batida de ladrão e que instrumental louco, reparem no bongô dando toda a dinamica.. 

Derek, infelizmente faleceu no dia 15 de Novembro de 2009 aos 44 anos, vítima de um ataque cardíaco.

Agradecimentos e créditos do link para o blog http://hiphopraiz.blogspot.com


Mire e Clique na capa







quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Um caso de amor ilegal: LP Pirata


Nesse texto de hoje vou falar um pouco de uma paixão que me traz momentos nostálgicos em minha mente. A sensação emocionante e inexplicável quando pego um disco pirata na mão. Remete-me a muitas coisas, uma delas que me vem na lembrança agora é os tempos em que eu trabalhava de office –boy e com meu salariozinho contado conseguia me equilibrar para comprar um disco. Mas não era qualquer disco! Era um pirata! 

O ano era final da década de 80 e início da de 90, o local que eu me lembro de ir com frequência era uma galeria ali na Rua Benjamin Constant no centro de São Paulo. O vendedor colocava faixa por faixa, só um trecho para atiçar os ouvidos presentes, que eram inúmeros e por ordem de chegada. Chegava minha hora de ser atendido e algumas vezes pegava uma bolacha igual a que os outros tinham comprado, pois já havia escutado e tal. Outras vezes pedia o meu prato predileto, que consistia em um LP pirata/coletânea que tivesse não só uns balanços mas ao menos umas duas melodias. Os piratas com balanços e samba rocks no mesmo disco eram raros, mas “de vez em nunca” surgiam.

As capas eram na maioria de uma cor só, mas depois de um tempo apareceram muitos  plays piratas que tinham algum desenho na capa, eram desenhos as vezes simples e amadores, mas que davam uma identidade crua para o vinil. Sem contar os discos de vinil coloridos: transparentes, rosas, azuis, brancos, beges, esses as vezes vendiam só pelo fetiche desse diferencial, pois a qualidade sonora não era lá muita coisa, eram as vezes até mais pesados que os vinis normais. Até os vinis pretos, se você não ficasse esperto vinham com algum pequeno defeito, raramente arranhados, mas com deformações, tortos e até com partes da música mais graves.

Não gostava muito dos discos que tinham o rótulo em branco, sem informação nenhuma, evitava ao máximo, mas quando não tinha jeito e se escutasse uma música que eu queria muito eu comprava também, depois anotava de caneta se fosse o caso.

Uma coisa que sempre me intrigou era quem escolhia o repertório dos piratas? Será que tinha um pessoal de equipe envolvido? Só sei que a seleção era ditada pelo que rolava nos bailes, mas havia alguns que parecia conter um gosto todo pessoal da figura secreta que escolheu. Posso dizer que o gosto desse misterioso DJ era na grande maioria das vezes muito bom.

Depois de uns tempos até a pirataria foi meio que industrializada, pois surgiram selos! Tinha a Ilegal Records, Bala na Agulha , Black Time e algumas equipes de baile lançavam coletâneas com nomes de seus programas, com capa e informações mais caprichadas. Se os direitos autorais chegavam ou não para os gringos não sei. Como por exemplo as coletâneas do Mancha, Five Star, Circuit Power, Dinamite e afins. Outra coisa interessante era o nome escolhido para as coletâneas que pareciam meio improvisados, como Black Time Rappers, Love Time, Sweet Love, Black Total Special, Love of Love, Very Special, Black is Black e por aí vai.

Depois da metade da década de 90, vieram os CDs, que não eram piratas, mas coletâneas, como Som na Caixa, Dinamite Black Total, Bala na Agulha, Love Songs, Sweet Dreams, 100% Black, Swing Brasil, Flash Rap...Algumas dessas coleções eram feitas quase que artesanalmente e vendidas nas grandes galerias da rua 24 de Maio. A vantagem era que cabiam umas 20 músicas em cada e os volumes iam do 01 ao que a mente criativa de quem inventou a coletânea desse, o Swing Brasil por exemplo, de samba rock, teve uns 20 volumes.

O blog dimiliduques vai colocar um LP pirata o qual eu gostei muito, foi feito o download do blog O Som da Massa do parceiro  Celso dos Santos Pires o DJ Pirata, nesse link http://equipepiratadobom.blogspot.com.br. O LP é o Black Time 1992 que tem vários pesos, entre eles um remix da musica Gladiator do grupo 3rd Bass, Cookie Crew com um sampler conhecido e sinistro (da cantora Gwen McCrae - 90% Of Me Is You) na The Powers of Positive Thinkind. Tem também o rapper D-Loc com uma que rolou nos bailes a Regina The Teaser e as lindíssimas melodias de Jamm com The Games We Play e R. Kelly com  Honey Love. 

Agradecendo desde já pessoas como o DJ Pirata, que nos fazem reviver o passado e de graça disponibilizam essas joias da black music. Em tempo, o final dessa historinha é um drama, todos os meus vinis piratas eu perdi, infelizmente uma parte foi roubada em casa e outra quando entrei numa equipe e o “sócio” fugiu e levou todos os vinis com ele. 

Navegue nessa nau e click na capa







quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Repost: Tim Dog, um dos primeiros cachorros loucos do rap americano

O rapper Tim Dog tinha um timbre nervoso, um agudo abafado que fazia com que seus raps tivessem todo um clima de revolta. A levada era aquela noventista, na cadências dos bits e no ritmo.  Quando tinha meus 16 anos, lembro que ainda cantava rap com os manos DJ Claudinho, PESO e Reni C.  esse play rolava direto. E tinha ali uma instrumental da hora que a gente fazia umas rimas em cima, era a faixa Step To Me.

Obviamente não entendíamos muito de inglês, mas dava pra ouvir em músicas (Fuck Compton por exemplo)  alguns xingamentos endereçados aos manos do grupo de rap NWA, CMW, Dj Quik,  Eazy-E, Ice Cube e para o rapper Ice T. Tim Dog abusava dos "fucks", "bitchs" e "shits". É um daqueles discos em que o selo de advertência "Parental Advisory Explicit Lyrics" era obrigatório. A produção ficou a cargo do próprio Tim Dog e de Kool Keith, Ced Gee, TR Love e Moe Love, todos eles integrantes do grupo Ultramagnetic MCs, exceção feita a duas faixas produzidas por Bobby Crawford do grupo Ol Skool.

Nascido Timothy Blair, Tim Dog era um rapper da costa Leste dos EUA, mais precisamente de New York, Bronx e fez parte de uma das maiores tretas do rap americano. Ele teve a coragem de bater de frente com os rappers que estavam fazendo sucesso na época no estilo gangsta. Culminando no ódio musical entre as costas Leste e Oeste (que por vezes extrapolou para tiros e mortes).  Exemplo disso foi a treta dos primórdios entre Boogie Down Productions x Juice Crew, das rappers Lil Kim e Foxy Brown,  Ice Cube contra NWA, The Game x 50 Cent e por aí vai. E uma das mais notáveis e trágicas (onde ambos acabaram mortos a tiros) envolveu os rappers  Notorious B.I.G.  (Costa Leste) e Tupac Shakur, que deram continuidade a essa briga dentro das gravadoras rivais Bad Boy Records de Sean Combs (Puff Daddy) e Death Row de Suge Knight.

O blog dimiliduques põe a disposição o seu primeiro álbum, Penicillin on Wax de 1991 da gravadora Columbia, pelo selo Ruffhouse (ligada a multinacional Sony). A maioria das músicas tem uma pegada mais para frente. Além das já citadas acima, tinha uma faixa Secret Fantasies em que a instrumental é permeada de gemidos como numa transa. Já em Michelle Conversation é simplesmente uma conversa telefônica que parecia uma voz infantil, era uma de suas “homenagens” fazendo piada com a voz da cantora de R&B Michel’le, da cidade de Los Angeles que era artista do selo Ruthless que era de prorpiedade de Eazy-E. Tem também uma vinheta, que usa a voz do falecido comediante  Robin Harris na faixa Robbin Harris Shit, em que ele diz Fuck Compton.

O rapper Tim Dog morreu aos 46 anos no dia 15 de fevereiro de 2013, devido a um mal súbito provavelmente por complicações ligadas a sua diabetes. Na época cogitou-se até que seria um golpe de marketing ou que ele estaria se escondendo para não pagar uma dívida em dinheiro (processo que perdeu no tribunal). Mas mesmo sem um atestado de óbito e por sua família ter ficado de luto sem dar declarações a respeito, a verdade veio a tona e Tim Dog não esta mais entre nós. 




Repost: Lig lig lig... quem nunca ouviu esse começo da Melô do Patinho?

A dupla MC Kooley C e DJ KJ são oriundos da Florida e ficaram famosos aqui no Brasil pela melô do Patinho (Big D). Chegaram a fazer shows no Brasil em apresentações no Club House em Santo André  e no ginásio do Palmeiras em 1988. O grupo lançou dois singles em 1986 com os titulos de Lets Get This Party pelo selo Beware  Records e Started,Just Luke and Listen / Shery and Donno pelo selo Luke Skyywalker Records .O blog dimiliduques põe para todos o LP  com a citada famosa música Big D, lançado em 1988 intitulado Our Time Nas Come pela Beware Records (no Brasil saiu pela All Disc /Eldorado) .

Cara, namorei esse vinil por muito tempo, passava numa loja ali em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Mas meu ordenado de office boy não dava pra comprar, então meu tio Galo arrumou pra mim. Não vou dizer que fiquei decepcionado, na verdade o disco era fortemente influenciado pelo Miami Bass e Electro Boogie. Gostava mais das músicas Big D e Know U Better.  São boas recordações ao olhar a capa de fundo marrom com os dois artistas a frente e o selo “Incluindo o sucesso Melô do Patinho”.
Mas enfim, o Miami Bass ainda não era tão difundido na época e eu curtia mais o que a gente costumava chamar de balanço. Nos arranjos rápidos os caras usavam muitos sintetizadores, scratchs e a bateria eletrônica TR-808. O disco era bem produzido e Kooley C. mandava bem na rima e no ritmo. Hoje olhando para trás, os caras estavam lançando uma semente que deu frutos juntamente com Steady B. , Dynamix II, 2 Live Crew, JJ Fad,  Rodney O, Sir Mix-A-Lot e outros.

Atualmente, Kooley C, mora no sul da Flórida é um conceituado produtor, já trabalhou com novos nomes, como Pretty Rick e Pitbull.

Clique na capa sem afinar a voz

http://www.4shared.com/rar/ZIN1DlMlce/Dj_Kj__Mc_Kooley_C_-_Your_Time.html


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Repost: Pé Moleque um grupo mais que amigo



O grupo Pé de Moleque tem origem na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo em 1990. Quando uns amigos que andavam juntos na escola e dançavam break resolveram montar um grupo de samba. E frequentando do outro lado da cidade, as tardes de pagode no Camisa Verde e Branco a inspiração falou mais alto e ali encontraram o ambiente propício para levar a ideia adiante. A primeira gravação foi em 1991 , uma faixa no LP/coletânea do Choppapo. A música em questão era a Carente de Paz composição de Helder Celso/Rogerinho, aliás o grupo já havia ganhado um festival no Festival do Botequim do Camisa. A coletânea do Choppapo era uma daquelas bem fortes,  com vários grupos bons como Exaltasamba e Katinguelê. O Pé de Moleque foi um dos que se destacou e se apresentou por vários locais em São Paulo. 

Em 1993 veio a chance de gravar um solo, pela até então recente gravadora, Paradoxx Music. Lançaram  o LP “Mais Que Amigo” e logo de primeira causaram uma ótima impressão. Diretamente do Studio 464 no Rio de Janeiro com arranjos de Mauro Diniz e o resultado ficou muito bom. O blog dimiliduques põe mais esse tesouro do pagode noventista a disposição.

Na capa o figurino foi bem colorido com camisões que na época eram a moda da juventude pagodeira. Fotos do saudoso Aki Morechita que fez várias capas não só de pagode mas de sertanejos nessa época (Leandro e Leonardo por exemplo). O design foi do Luiz Cordeiro o famoso Katmandu. E até os cabelos tiveram a mão dos salões do Toninho Black Power um dos pioneiros das grandes galerias em São Paulo (Rua 24 de Maio).

Se liga no time de feras como músicos. O arranjador Mauro Diniz também tocou banjo, cavaco e violão, Helder Celso no cavaco, Jorge Simas violão de 7 cordas, Bororó contrabaixo, Lobão Ramos nos teclados, Jorge Gomes na bateria,  Felipe D’angola surdo e percussão, Mokita no pandeiro, Reinaldo Batera no repique e percussão e  Macalé percussão. 

Na época da gravação o grupo era formado por Helder Celso (vocal e cavaco), Mokita (pandeiro), Rogerinho (tamborim), Odair Odamoleque (timba), Josenario Mascarenhas (violão de 6), Pelé (surdo) e Nikimba (reco). Uma curiosidade é que os integrantes Mokita e Helder Celso (na época ainda Elder), são filhos do locutor Moisés da Rocha, grande defensor do samba na rádio USP FM de São Paulo.

Destaques para as músicas Mais que Amigo (Mokita/Helder Celso/Rogerinho/Nikimba) Tá na Hora (regravação do swingueiro Bedeu), Por Onde Ir (Mokita/Helder Celso), Carente de Paz (Helder Celso/Rogerinho) aqui com um arranjo um pouco modificado. Mas o LP inteiro é de bom gosto, incluindo as faixas; Fundamentos do Amor (Adilson Bispo/Borracha/Pelezinho) , Nas Pegadas de Um Amor (Mauro Diniz), Pra Que Sentir Solidão (Helder Celso/Rogerinho) e os partidos Festa na Cozinha (Juninho/Salgadinho/Papacaça/Dal), Luz da Poesia (Helder Celso/Chiquinho dos santos) /Meu Sambista Meu Amigo (Carica/Soró/Luizinho SP) e Velhos Arvoredos (essa última do grande sambista Wilson Moreira).

O grupo ainda lançou mais um ótimo CD intitulado Um Novo Olhar em 1996. E fez parte dos grandes do pagode, até metade dos anos 2000 ainda fazia shows mas depois disso o grupo deu uma parada.

Clique na capa e prove o doce pagode





terça-feira, 2 de agosto de 2016

Repost: Prato musical do dia: Macarrão do Banjo

O chamado pagode paulista invadiu as ondas dos rádios e as rodas de samba do Brasil em meados dos anos 90. Não é novidade que muitos grupos surgiram e quando a onda arrefeceu muitos também ficaram em alto mar à deriva. Mas teve a sua importância nas vidas das pessoas e movimentou o mercado musical (shows, discos, músicos, compositores, arranjadores, instrumentos, estúdios etc...). Hoje olhando pelo retrovisor um sem número de grupos e cantores passaram por essa vertente. Muita gente boa  surgiu, iniciou-se nas rodas de pagode, formou-se musico e depois seguiu seu caminho até para outros gêneros musicais.

 Tiveram seu espaço, gravaram suas composições e alguns até fizeram o seu o pé de meia. Porém para um músico de verdade não importa muito o dinheiro e sim em primeiro lugar a sua música. Alguns acusam os grupos de pagode (rótulo esse criado pela imprensa) de oportunistas. Outros de um movimento circunstancial. Mas de uma coisa ninguém pode discordar, teve a sua identidade. O romantismo piegas muitas vezes era a palavra chave e marca registrada dos pagodes, era amor rimando com flor... Comparando, mas tirando as devidas proporções e importância,  Cartola também falou de amor. 

O blog dimiliduques sempre irá postar alguns desses LPs e CDs de pagode e hoje é o dia do álbum Lição de Amor de Macarrão do Banjo. Gravado em 1989 saiu pelo selo Choppapo. Para quem não conhece o Choppapo era um bar/salão em São Bernardo do Campo onde era um dos pontos altos nos pagodes no ABC paulista. Lá passou gente de grupos como Katinguelê e Pé de Moleque. Uma curiosidade é que o disco foi relançado tempos depois já com o nome de Israel do Carmo.

O disco teve arranjos de Rick Batera e Prateado com participação de músicos como Belôba no tantan e complementos de ritmo, Marcelinho no repique de mão e tantan,   Royce no cavaco, Edmilson violão de 7, Celso violão de 6, Luizinho e Paulinho no cavaco e banjo, François no trombone, Prateado no baixo e complementos de ritmo, Clovão teclados, Rick na batera e complementos de ritmo, Tinho no surdo, Paulinho Pires pandeiro, coral: Cecilia, Claudia, Mônica, Marcelo, Vilma , Fatima, Pinha, Tiziu, Teo,  Xavier, Beiço, Bi do Pandeiro, Deolindo, Luizinho, Vagner Cabeça e Paulinho Pires . Várias composições do próprio Macarrão e nomes como Carica, Prateado, Almir Guineto e outros. Os arranjos, mesmo simples, dão um charme especial as músicas e é bem a cara do início dos anos 90, com solos de teclados em algumas introduções e a formação básica de pandeiro, repique, surdo, tantan ,bateria,  baixo, cavaco, banjo e violão de 6 e 7 cordas.  Destaque para as músicas Frutos da Tamarindeira (Vaguinho/Preto Jóia/Ronaldo), Paira no Ar (Alexandre), Maldade Inocente (Macarrão/Prateado) e Sambeiro (miguel/Ademir). Macarrão do Banjo depois mudou o nome artístico para Israel do Carmo gravando uma faixa na coletânea da Choppapo e trabalhos solos pelas gravadoras RGE, JWC, Sony Music e Premyer.

Clique no link da capa e paire no ar





quinta-feira, 14 de julho de 2016

Repost: Biz Markie, um rapper comediante que não é comédia

A primeira coisa que me vem a cabeça quando ouço o nome Biz Markie é : Vapors e Just a Friend. Mas o cara é um rapper de calibre pesado. Nasceu em Nova Iorque em 08 de Abril de 1964 e seu nome de batismo é Marcel Theo Hall. Começou a carreira em 1985 como beatboxer para a rapper Roxanne Shanté. Tem sua origem no Harlem e mais tarde mudou-se para Long Island. E lá começou a rimar, seus versos eram quase sempre espirituosos e bem humorados. Depois fez parte do coletivo Juice Crew com, Marley Marl, MC Shan,  Big Daddy Kane e Kool G Rap, maioria moradores de um dos berços musicais do rap, numa espécie de COHAB, a Queenbridge House's, no bairro do Queens.

O blog dimiliduques saca da caixa de plays, o Diabolical Biz Markie – The Biz Never Sleeps de 1989. Outra daquelas capas chamativas , que quando passa pela sua juventude você dificilmente a esquece. Traz o artista, Biz Markie, transvestido de cientista , bem a seu estilo pateta e maluco. Esse disco saiu aqui no Brasil pelo selo da Warner Bros e ao contrário do primeiro (Goin Off), esse não teve a participação do produtor Marley Marl. Biz Markie quis fazer do seu jeito, juntamente com seu primo, o DJ Cool V.  

Desse LP destaco a já famosa e um dos seus maiores sucessos, Just a Friend, exemplo de música que se mostra chata no começo e de refrão meio desafinado (óbvio que propositadamente), mas que tem um efeito devastador (no bom sentido) nas caixas acústicas e na pista de dança dos bailes. Digamos que ela foi a responsável pelo reconhecimento mundial do nome Biz Markie, depois de um 9º lugar na Billboard. Uma curiosidade é que o refrão é de uma música de Freddie Scott (You Got Waht I Need).

Outras duas faixas também legais são: She’s Not Just Another Woman (Monique) que tem um clima suave, mas malandreado e outra é a Mudd Foot com um sampler de sax jazzístico bem sacana.  A Me versus Me é um entrelaçado de beatbox, especialidade dele. Outro destaque é a My Man Rich, com um looping de contra baixo contagiante. E tem também a engraçadinha The Dragon, que pasmem, fala sobre flatulência! Agora a minha preferida do disco é Check It Out, com sampler grooveado e a levada meio desengonçada de Biz que dá um puta efeito.

Os rappers mais nervosos da época não o levavam tão a sério, mas ele angariava fãs por onde passava. Só depois de um tempo começaram a entender sua maneira de fazer música e até se tornou influente em alguns segmentos undergrounds.

Apesar disso sua carreira sofreu um duro golpe em 1993 no lançamento do álbum I Need a Heircut. Foi processado pelo cantor Gilbert O’ Sullivan por ter usado sem autorização um trecho de sua música Alone Again (Naturally) . Gilbert não só ganhou o processo como a Warner Bros (ligada ao selo Cold Chillin) teve que recolher todos os LP's e K7's das lojas. A partir desse caso, mudaram, de certa forma, as relações de Djs, músicos e gravadoras no mundo hip hop.

Apresentou-se em mega eventos como pré-Oscar Party, Grammy, Super Bown, NBA All Star Weekend e outros. Participou do reality show Celebrity Fit Club em 2005. Uma das suas ultimas aparições (2013) foi uma participação na música da banda de indie rock The Flaming Lips.

Atualmente Biz Markie é multimídia, participa de comerciais de grandes empresas como Pepsi, Budweiser, Microsoft e Heineken. É Disk Jockey, animador, ator, humorista e se apresenta em eventos diversos, chegando a fazer 200 deles por ano. Também figurou em aparições no programa infantil da Nick Jr. com o personagem Yo Gabba Gabba. Tem seu nome ligado a produtos para crianças e em seu site oficial vende tênis, camisetas e até trechos de sua voz/beatbox para chamadas de celular.  E assim o old school Biz Markie vai levando a vida e faturando.

 Clique na capa justamente amigo




quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Branca Di Neve meteu bronca no suingue




Muito já se falou e comentou sobre o artista Branca di Neve ou Nelson Fernandes Morais ou ainda simplesmente Nelsinho como era chamado pelos mais chegados do bairro do Bixiga. Nascido em São Paulo em 1951 ele foi um cantor, compositor e instrumentista respeitado no meio do samba e da MPB. Seu reduto era a Vai Vai, mas podia ir ao Camisa, na Barroca, onde fosse, que era bem chegado. Seu instrumento mais celebrado era o surdo, do qual tirava um som macio e de grave afinado que os mais empolgados o comparavam a um contrabaixo com baqueta. Branca tocou com Toquinho e com ele excursionou para o exterior. Tocou também com Luiz Vagner Guitarreiro, Jorge Ben Jor, Nara Leão e Baden Powel. 


Conseguiu o devido respeito como percussionista e por isso era chamado constantemente a tocar surdo para vários artistas em apresentações e nas gravações em estúdio. Foi frequentador assíduo de várias casas de shows como a São Paulo Chic, Som de Cristal, Aristocrata, Paulistano da Glória, Jogral, Cartola, Teleco Teco, Villa Samba, Barracão de Zinco, Moema Samba e por onde passou sempre fez a famosa canja ou acompanhou os artistas nesses palcos. Em 1978 entrou para o grupo Os Originais do Samba no lugar do falecido Rubão do surdo. Nas capas dos discos Clima Total de 1979 e num compacto de 1980 (aqui) se vê um Branca di Neve novinho e sorridente. 


Em 1981 ele já estava gravando o seu primeiro trabalho pela gravadora independente Mauricris com o título de Branca Mete...Bronca – Pobre Moleque. Ele ainda grafava  Branca “de” Neve e não “di Neve” como depois ficou conhecido. Era um compacto que já mostrava o caminho que iria trilhar, o “balansamba”, incluía as músicas Salgueiro Raiz (Luiz Carlos Xuxu/Branca de Neve) e Pobre Moleque (Valdir da Fonseca). Curiosidade que a música Salgueiro Raiz saiu depois no seu primeiro LP com umas pequenas modificações: no nome do autor Luiz Carlos tiraram o “Xuxu” e no título acrescentaram: Salgueiro “É Uma” Raiz, mas se trata da mesma música. Continuou na percussão só esperando uma oportunidade para registrar o seu talento e paralelamente se dedicou ao violão.


Até que em 1987 surgiu a chance de um LP inteirinho só seu. Finalmente iriam conhecer a voz rouca, mas cheia de estilo de Branca di Neve. E deu no que deu, o disco vendeu muito bem e as apresentações com sua banda (batizada com o nome de Mandela) estouraram. Uma carreira de sucesso pela frente era o que pretendia. Mas infelizmente o destino quis diferente, ele faleceu de derrame cerebral quando finalizava seu segundo LP (Branca Mete Bronca Volume 2) em agosto de 1989. Uma perda irreparável para a música, muita comoção de familiares, amigos e fãs. 


Esse é um daqueles personagens que merecia um documentário, um livro, sei lá uma atenção maior, pois tem uma trajetória digna e deixou um legado musical. Em 1996 numa coletânea da 105 Fm/Paradoxx saíram duas músicas inéditas em sua interpretação; Preces ao Infinito e Lá Vem Salgueiro. 


Nessa coletânea abre-se um registro para um grande deus-nos-acuda, a música Lá Vem Salgueiro é a mesma Salgueiro é Uma Raiz, mudando apenas os arranjos, pois foram gravados em períodos diferentes. Haja vista que existe o samba exaltação, da Escola de Samba Salgueiro com o nome de Lá Vem Salgueiro, na verdade a letra que foi feita pelo Branca di Neve usa-a como música incidental. Botando mais lenha na fogueira, não confundir com a Lá Vem Salgueiro gravada pelos Originais do Samba, outra letra e outra pegada...só queria saber como ficou os direitos autorias dessa mistura toda...


O blog dimiliduques põe a disposição o LP Branca Mete Bronca – Volume 1.Foi gravado no estúdio Gravodisc em São Paulo e saiu pela gravadora Continental em 1987. No repertório músicas compostas por Branca di Neve, Zelão, Marku Ribas, Jota Veloso, Itamar Assumpção, Jorge Ben Jor, Bedeu e outros. Eu pessoalmente gosto muito das faixas, Boca Louca, Reprise, Pensamento Verde, Salgueiro É Uma Raiz, Kid Brilhantina e A Cor de Deus. Outro detalhe é que a ótima faixa Nego Dito (de Itamar Assumpção), saiu nos dois volumes. Tempos depois Charles Gavin lançou pela WEA, no volume 6 da série Dois Momentos os dois discos da carreira de Branca di Neve. 


O volume 1 é um disco bem balançado, alegre, colorido com metais certeiros e um suingue brasileiro de apuro e criatividade. Um clássico dos bailes e dos programas de rádio das grandes equipes black. Era frequente escutar seu som  na Band FM (Programas da Black Mad, Zimbabwe, Chic Show, Band Brasil), USP FM (O Samba Pede Passagem do grande Moisés da Rocha) e Sambalanço da Manchete FM.


Os arranjos foram do Maestro Edson José Alves e na gravação os músicos participantes foram - Pandeiro: Renato Pomba Gira, Tumbadora e Repique: Fredd, Tumbadora: Zé Roberto Peninha, Cuíca e Pandeiro: Osvaldinho da Cuíca, Repique: Mané do Arte Final, Timba: Valtinho do Arte final, Surdo: Branca di Neve, Bateria: Toninho Pinheiro, Baixo: Arismar do Espírito Santo, Guitarra: Edson, Teclados: Michel, Trombones: François/Azevedo, Sax: Cacá/Lambari/Pique Riverti/Pecci, 1º Trumpete: Tanilson, 2ºTrumpete: Nahor, Coral: Angela, Pérsio, Davi, Marcio, Quirino, Silvinha, Mônica Bastos e Vera Coutinho. 

 Clique na capa e suingue (contem duas faixas bônus: Pobre Moleque e Preces ao Infinito)

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