Grande Sistema Negro! Pensa nuns
caras gangstas...então. O som do grupo Sistema Negro é essencialmente isso,
influência de Ice T, NWA (Niggers With
Atitude), mas com um toque de Public Enemy nas letras. O grupo surgiu no
interior de São Paulo, em Campinas final dos anos 80 e se chamava The Bronx Mc’s.
A primeira vez que os vi foi de certa maneira inesquecível. Explico, eu cantava
num grupo de rap chamado Dimensão Rap e participamos de um festival feito pela
equipe Kaskata’s no Club House em Santo
André. Caímos na mesma chave dos manos e lógico que perdemos, lembro até hoje
que eles já chegaram arrebentando na abertura com o DJ Master Jay. Mas pelo
menos perdemos para uns caras fodas e merecedores. O ano era 1992 e em meio a
centenas de grupos inscritos eles ganharam o direito de entrar na coletânea Vozes
de Rua vol. 2 com a música Mundo Irracional. Depois disso os caras deslancharam
e lançaram cinco álbuns.
Doctor X era um dos integrantes e
melhores letristas do Sistema Negro que depois do terceiro trabalho, saiu do
grupo e lançou um CD mais puxado para o black charme com o nome artístico de
Bene. O Sistema Negro continuou sob a batuta de Eazy Down, Kid Nice e Master
Jay e continua até hoje com a adição de novos integrantes. São eles W. Sigillo,
Pulman, Gil Kris Kros e Ice Junke. Outro integrante do grupo foi Alex F (falecido em 2008).
O LP que o blog dimiliduques
posta é o primeiro e um dos melhores do grupo e porque não do rap nacional.
Lançado em 1993 pela MA Records/Discool
Box o play é intitulado de Ponto de Vista.
Já começa bem pelas capas, na simplicidade com poucas cores. Na versão CD a capa é diferente,
tem o Master Jay com uma arma em punho, bem a cara do rap radical e gangsta. Depois
passa pelas letras falando de diversos problemas como racismo, egocentrismo e
do cotidiano violento das periferias. Os instrumentais são muito bem feitos,
samplers, scratchs e colagens escolhidas a dedo pelo produtor DJ Raffa. DJ esse
já escolado no estilo, desde que foi membro dos grupos de rap de Brasília, Os
Magrellos e depois Baseado nas Ruas, o
caldo combinou com o estilo de cantar e as letras da rapaziada campineira.
Meu destaque vai para as músicas Nossos Inimigos, Mensagem Para Otários
(daquele famoso sampler de Isaac Hayes usado também pelo grupo CMW-Compton Most
Wanted). Também as faixas Ponto de Vista
(preste atenção na intro dessa música) e Racismo
Banal (tema mais que atual nesse 2014, depois que os jogadores Tinga e Arouca foram
vítimas de preconceito racial). Mas para falar a verdade o disco todo é legal
com letras para refletir e produção para prestar atenção nos detalhes.
Clique na capa e sinta o peso
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