Em meados dos anos 90 a cena hip
hop era forte e rap nacional ganhava seus primeiros contornos com Região
Abissal, Código 13, Thaíde e Dj Hum, MC jack, Os Metralhas, Racionais MC’s e
outros. Eu também fiz parte desse movimento e participei ativamente, não só
indo nos rachas do centro, mas onde rolava rap eu dava um jeito de ir. Formei
alguns grupos como RDS, Dimensão, Org. Brutal, mas infelizmente não conseguimos
o sonho do reconhecimento, mas enfim foi uma escola de vida... Dava um frio na
barriga cantar ao vivo, mas ao mesmo tempo a sensação de prazer superava. E lá
ia eu Tchelo C e a banca com Reni C,
Swing T (Tiza), Boca, Juliano JC, Dj
Marcelo, Dj Claudinho, Dani Dieis, P.E.S.O. e outros mais. Se apresentávamos no
Santana Samba, Love History, Xereta, ASA
de Pinheiros, Astro, Escolas, Pça Roosevelt e outros redutos do rap nacional. Tempos
em que cantar rap poderia significar levar várias portas na cara e nãos...
dinheiro curto pra comprar base instrumental pirata, passar debaixo das
catracas e chegar antes nos bailes para tentar desenrolar a entrada...
E por falar nisso um dos grandes
grupos de rap que eu era fã se chamava Comando DMC , que significa Comando
Defensor do Movimento Consciente. O grupo foi formado em 1989 na zona sul de
São Paulo, ali pelos lados da Vila Joaniza. O
rapper Eazy Jay participava de um festival e quando ficou em primeiro lugar,
viu um outro grupo que mandava bem e resolveu unir forças, tipo um comando, daí
surgiu o nome. Nas letras uma crítica social sobre o cotidiano violento nas
periferias. O estilo era gangsta e logo o assunto criminal também povoava a
escrita do grupo.
A primeira oportunidade de
gravação veio em 1991 com a coletânea de rap “Brazilian Rap” da equipe Black
Mad. A faixa Tributo ao Presidente foi uma das mais tocadas e o grupo ainda se
chamava DMC Rap. Em 1992 foram convidados para gravar o primeiro LP solo pela
gravadora Black Mad com produção de DJ Hum. Intitulado como Vamos Dar A Volta
Por Cima o disco tinha além da regravação de Tributo ao Presidente (bem aquém
da original), e as ótimas faixas Dama da Noite e Marginais Fardados.
Em 1994 lançaram o segundo álbum
pela TNT Records (ligada a equipe de som Dinamite). O LP denominado São Paulo
Está Se Armando foi produzido pelos integrantes do grupo e pelo Dj Raffa. Um
trabalho pesado, misturando batidas rap, funk dos anos 70 e o uso de bases com
guitarras distorcidas, dando um tom agressivo. Mas também teve espaço para um
momento mais suave. Onde a faixa Pulem foi a responsável pelo sucesso do disco
e até indicada ao prêmio Ary Barroso em 95. A faixa usou um sample dançante da
música Dont Stop The Music da dupla americana Yarbrough & Peoples. Mas outras
ótimas faixas permeiam o trabalho, tais como o hit Na Zona Sul, a rasteira Fita
Errada, Acorde Cara e a pesada música que dá título ao disco.
O grupo não mais existe e era
formado por Eazy Jay, Turbo (esse saiu no final dos anos 90 para formar o grupo Kamikaze) e DJ Grandmaster Di. Além de “Vamos Dar A Volta Por Cima”
e “São Paulo Está Se Armando”, lançaram os álbuns Sangue no Olho em 1995 (TNT
Records) e 4ª Missão Resgate em 2000 (RDS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário