quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Um quinteto de primeira

O Quinteto em Branco e Preto quando surgiu para a mídia viraram logo os mais queridos do samba. O grupo foi formado em 1997 por jovens músicos que se conheceram no bar Boca da Noite, na boêmia área do Bixiga, em São Paulo. No início começaram a ser chamados de Quinteto Café com Leite.  Integravam o grupo os irmãos Yvison (percussão), Everson (violão) e Vitor Pessoa (surdo) , de São Mateus, Zona Leste de São Paulo e Magnu Sousá (pandeiro) e Maurílio de Oliveira (cavaquinho), de Santo Amaro, Zona Sul. São bons, muito bons, daqueles tipos de artista que você tem orgulho de dizer que tem o CD deles em casa. E realmente era isso, o Quinteto dava orgulho ao samba/sambista.

Ouso até dizer que muitos pagodeiros depois se tornaram “de raiz” quando escutaram-nos.  Definições a parte, o próprio Sousá afirmou certa vez que o até o grupo Negritude fez samba de raiz, quando eles cantavam a Cohab, estavam cantando a raiz deles também. O certo é que o Quinteto tinha o feeling musical para um samba todo próprio, digo o verbo no passado, pois o grupo se desfez recentemente.

Outra coisa admirável era que o Quinteto musicalmente era tradicional, mas o discurso era consciente de eles tinham essa maneira de compor e cantar, mas escutaram dentre outras coisas na favela, os samba rocks, a nostalgia e não só o samba carioca.  Maurilio e Magno formaram a dupla Prettos, Yvison gravou um solo, Everson e Vitor estão envolvidos em outros projetos ligados a musica e ao samba.

O blog dimiliduques coloca a disposição o primeiro CD da rapaziada, Riqueza do Brasil lançado em 2000, pela gravado CPC-UMES. Com direção musical e arramnjso de cordas e sopros do mestre Luizinho Sete Cordas, que também tocou seu violão de 7 no disco. E participações luxuosas nos vocais de Almir Guineto, Beth Carvalho e Wilson das Neves. No estúdio além do próprio Quinteto, participaram músicos criados nas rodas de samba das periferias e músicos já tarimbados como; Mauro Diniz no cavaco, Da Lua na percussão e efeitos, Chocolate na cuíca, Sandoval cavaquinho em bandolim, Totty no trombone, Andrezinho Amorim no cavaquinho, Toco no banjo, Pratinha na flauta, JG no clarinete, Barba no surdo, Odair Menezes ganzá e reco-reco, Gerson Martins no repique, Flavinho ganzá e outros.

As letras, maioria composições dos próprios integrantes, contém um retrato do cotidiano humano e crítica social com costuras de lirismo popular. O disco musicalmente é muito acima da média, calcado na simplicidade, porém quem escuta já entende que ali é coisa lapidada no talento. No samba Fetiche Real (Magnu Sousá, Maurilio de Oliveira, Everson Manoel e Edvaldo Galdino) eles cantam: “Não há país de Cardoso em que Fernando não Henrique” música que ainda é atual. Em Nova Psicologia (Magno Sousá) um solo de cavaco dá a entrada de um dos melhores partidos que já ouvi, sobre  burocracia e outras “ias” do Brasil. Outro que destaco é a romântica Sempre Acesa (Sombra e Luiz Carlos da Vila), também com um lindo solo e participação certeira da madrinha Beth Carvalho. O disco tem dois pot-pourris: o primeiro com composições de Ataulfo Alves, Wilson Batista, Bide, Marçal, Geraldo Pereira, Noel Rosa, Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres, e o outro só com composições de integrantes da Velha-Guarda da Camisa Verde e Branca, tradicional escola de samba de São Paulo. Vou encerrar por aqui, porque é uma Riqueza do Brasil que descobri na época e até hoje escuto e não canso. 

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