quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Numa Varanda também pode surgir um samba

Alguns grupos de samba tem certa criatividade para nomes como Katinguelê e Exaltasamba, já alguns usam referências de outros grupos ou músicas. Por exemplo o grupo Pedindo Bis que é inspirado no título de uma musica do Katinguelê ou grupo Sentimento de Posse que é uma música do grupo Pirraça e assim por diante. Cito um nome derivado digamos da “arquitetura”, pois temos os grupos Fundo de Quintal, o Frente de Casa e o Varanda. Mas hoje vamos falar desse último que é um grupo raro.

A rapaziada teve seu início em 1983 na Zona Leste de São Paulo e tinha componentes do Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo. Muitos pensam que o grupo era de Ferraz de Vasconcelos, devido a uma participação deles em 1987 no quadro Cidade x Cidade  apresentado por Gugu Liberato no SBT. Porém eles acabaram representando o município e ganharam a doação de uma ambulância de prêmio, no final valeu a pena, o samba venceu.

O disco que colocamos a disposição é uma raridade, foi gravado de forma independente em 1991 , pela Terapia Discos. Não poderia deixar de citar a foto da capa, chão batido, bem periferia dos anos 80/90 e a da contracapa que traduz o nome do grupo, trabalho do fotógrafo Adelfo Junior com layout de Katmandu.

É um disco que chega a ser bem cru, mas é caprichado,  com teclados equilibrados e um violão de 7 e cavaco  inspirados. Surpreendeu que no inicio da década de 90 a rapaziada conseguiu uma boa qualidade instrumental. Uma das letras é bem humorada e até soaria como preconceituosa hoje (como Melô da Mulher). Destaco as belíssimas Vida e Sou Mulher Sou Mais Eu. E também as faixas Samba (essa uma declaração de amor ao ritmo) e a boemia Clima de Bar. O partido Solidão do Menor tem a temática social que marcou o grupo com o sucesso Moleque de Trem.

Os arranjos foram de Adailton Santos com produção de Escurinho. Co-Produção de Adilson Aragão e Noca Batuira (esse último também fez muito bem os arranjos de vozes). Além dos componentes do grupo, participaram da gravação, Adailton Santos no contra baixo e violão, Lucas na bateria, Tiel no baixo e Karan nos teclados. A formação do grupo foi mudando conforme os anos mas marcaram presença nomes como Fio do Violão de 7 ,Luizinho Sorriso da Timba, Beto Guilherme no repique, Didi Graveto cavaco/violão, Telo cavaquinho, Tuca do pandeiro e Eder Silva no surdo. Nas composições temos a maioria de componentes do próprio grupo exceto duas composições de Edson Cachoeira e Wagner Santos.

Lançaram cinco músicas que saíram em duas coletâneas da Disco Ban (da Rede Bandeirantes)  respectivamente em 1985 e 1987 (Pagode Pra Valer volumes 1 e 2). Na coletânea de 1985 entraram as músicas Moleque de Trem, Ninguém Chora Mais e África do Sul e em 1987 Paixão Pela Flor e Jornaleiro. As que ficaram mais conhecidas foram Moleque de Trem (Beto Guilherme/Tuca) e Paixão Pela Flor (Eder Silva). O grupo parou suas atividades em torno de 1995.

Sempre foi citado que Beto Guilherme fez parte do grupo Varanda até 1989 e foi um dos fundadores, por isso criou-se certa curiosidade em torno disso.O cantor se lançou solo em 1990 nas coletâneas da choperia Só Pra Contrariar fazendo enorme sucesso com a música Agenda. Música essa que também saiu na coletânea Band Brasil 4 (1994/RGE).   Aliás, Beto Guilherme,  até hoje esta na ativa e faz suas apresentações por aí afora.

Obs: O trabalho de resgate do disco foi das comunidades no facebook, Bandeira do Samba e Planeta Samba

Clique na capa e curta na varanda, na sala, no quintal... (inclui quatro faixas bônus)

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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Grupo Geração, o pagode do ABC paulista



Raridade! sabe aquela impressão de que você esta com a ostra na mão e dentro dela haverá um linda pérola? é assim que as vezes me sinto quando cruzo na internet com LPs raros ou peço para algum amigo tal disco e a resposta é: Tenho! vou te mandar!. Esse foi pescado, com autorização do Juninho Ferracini, na sua comunidade Planeta Samba.  

E por isso compartilho hoje uma dessas joias raras, que é o LP do Grupo Geração.  Eu havia visto esse disco na casa do meu amigo e grande cavaquinhista Paulinho Ribeiro de Oliveira. Ele foi um dos fundadores do ótimo Grupo Sentimento de Posse na Zona Sul de São Paulo. Tempos depois ainda pedi o disco emprestado mas o mesmo pertencia a outro componente do grupo , o pandeirista Alex (que aliás era dono desse e de mais outros bons discos de pagode, como o do grupo Improviso). 

Mas enfim sei que o Grupo Geração foi formado pelos idos da década de 1990 e era do ABC paulista (tinha gente de Santo André e São Bernardo do Campo).

Voltando ao LP intitulado Pra Ser feliz,  foi gravado no saudoso estúdio Camerati (Santo André em 1992) e foi lançado em 1993 pela gravadora Choppappo Produções Artísticas. Antes disso o grupo havia gravado em 1991 a música Anseios na coletânea da Choperia Chopappo volume 1 (juntamente com os grupos  Exaltasamba, Katinguelê e Pé de Moleque). 

Uma das músicas que mais tocaram foi a linda, Amor Sensual (Marcos Arrojo/Dhema), com a participação do cantor Dhema. Mas  destaco outras faixas também, como Colibri (Nadão/Ademir) - repare a introdução do bem tocado violão de sete cordas, que lembra muito a da música Gandaia do Exaltasamba. Tem também a música Espera (Dedé Paraíso/Eunice Rosa) com uma harmonia e melodia bem diferentes. Destaque também para as faixas Pra Ser Feliz (Douglinhas/Eraldo Acioly/Pelé), Amor (Douglinhas/Eraldo Acioly/Andre Luiz)  e os partidos Viola de Lei (Nadão/Cleiton Moreira/Ademir) e Língua Venenosa (Deolindo). É um disco com um som bem legal, arranjos do Maestro Jobam. O vocal de Deolindo é bem maduro e conta com o apoio de um coral afinado. Em alguns momentos lembra a sonoridade do disco do Chora Menino – Canto das Raças Axé. O grupo se apresentou em várias casas de samba no ABC e em São Paulo tais como Caipilona, Viva Brasil, Patusco, Babilônia, Chopappo,  Casablanca e outras.

No disco tem composições dos componentes do grupo como Deolindo, Xavier e Frutuoso e também de nomes como Adilson Caveira, Pelé, Toninho Nascimento, Noca da Portela, Tranka e outros.  Os músicos que participaram do disco foram; Mário Testoni Jr. (Teclado),  Fabio Canela (Baixo), Breno (Violão de 7 cordas), Toca (Bateria), Mokita (Pandeiro), Brucutú (Congas) e Freddy (Percussão).  O grupo Geração era formado por Frutuoso (Violão), Deolindo (Repique de Mão), Silvinho (Percussão Geral), Zé Maria (Pandeiro), Hamilton (Tantã), Hélio (Teclado) e Xavier (Cavaquinho). Eles gravaram outro álbum, em 1995 pela gravadora Velas/Crescent.



Curiosidade: O músico Theo que toca no grupo Exaltasamba também fez parte do Geração no comecinho e Chrigor fazia parte dos backing vocals. Esses dias na comunidade Bandeira do Samba no facebook, alguém citou que um dos componentes do grupo Geração foi uma das vítimas fatais da favela Naval em Diadema. O caso ocorreu em 1997, onde policiais do 24º Batalhão da Polícia Militar espancaram três ocupantes de um Gol branco (Gerson Capucci, Jeferson Sanches e Mario Josino). Em seguida o policial Otávio Lourenço Gambra, conhecido como Rambo,  atira duas vezes em direção ao carro, atingindo a nuca de Mario José Josino. Reli algumas reportagens e não há nenhuma menção ao grupo Geração e sim que Mario Josino nas horas vagas gostava de tocar pagode com amigos da região onde morava (São Bernardo do Campo). E também na contra capa deste disco, cruzando os nomes dos componentes, não consta Mario Josino, mas enfim... não obtive a confirmação da veracidade dessa informação se a vitima do caso Favela Naval realmente tocava no grupo.
 

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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A poderosa banda Brasil



A Banda Brasil foi formada no Rio de Janeiro no começo de da década de 90. Com a explosão do pagode, a junção de músicos gabaritados e acostumados com a noite o resultado foi o sucesso imediato. Para se ter uma ideia dos componentes da banda, Paulinho Black baterista de renome já tocou com Black Rio, Ed Motta e Sandra de Sá, Africano nas congas toca com Jorge Ben Jor, Miúdo além de participar de gravações em estúdios tocando surdo para inúmeros grupos também faz parte da banda de Jorge Ben. Moisés dos teclados foi músico de Tim Maia, Ferrinho do contra baixo também acompanha o mestre do swing Jorge Ben. Kaê é o vocalista e compositor de mão cheia, tanto é que a maioria das músicas deste trabalho tem sua parceria.




O trabalho em questão é o Pra Bater Um Papo, lançado em 1993 pela Warner/Continental, a estreia da Banda Brasil.  O trabalho saiu em LP/CD e a saudosa fita K-7, é bem balançado e foge um pouco do pagode tradicional, tem swing na veia, mais guitarras / violões e pouco cavaco. É um estilo que ficou consagrado pela banda Raça Negra com bateria marcando o compasso e os teclados se fazendo as vezes de sopros. 

A produção de Paulo Debétio deu o aval aos componentes da banda Kaê, Ferrinho e Moisés para serem os arranjadores. No estúdio o cast de músicos ficou assim: Ferrinho no contra baixo,  Kaê violão e voz,  coral Lourenço, Kaê, Moisés e Ferrinho,  Moisés nos teclados, Eduardo Heobourne na bateria, Miúdo e Africano na percussão. Nas composições em parcerias com o vocalista Kaê temos Beto Corrêa, Ferrinho, Bebeto e Peter Correa e uma faixa de Beto Corrêa/Pagon. 

Os destaques do disco são Como Dói e a faixa Poderosa, que tocou no Brasil inteiro levando a banda a participar de diversos programas na TV e fazer muitos shows.  

A banda ainda gravou mais quatro álbuns, Banda Brasil (1994/Continental/Warner), Banda Brasil vol. 3 (1995/Continental/Warner)Romântico (1996/Continental/ East West) e Me Leva (1997/Continental/East West).

Clique na capa, o poder é todo seu


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