sábado, 30 de abril de 2016

Só na picadilha do Relatos da Invasão



Certo dia tava rolando Relatos da Invasão de fundo musical, a canção em questão era a Primeiro Ato. Aí me caiu a ficha, puta produção legal esse instrumental, vou escutar o CD inteiro. Até aí tudo bem, hoje é tranquilo você pode procurar no Google para download ou se der mais sorte um  ”Full Album” no youtube. No meu caso eu já tinha a pasta perdida em meio as minhas dezenas/centenas de gravações espalhadas em DVDs, HD, CDs, PC  e pen drive. 

O grupo é da zona Norte , dos bairros Jd. Nova Galvão e Jaçanã , esse último eternizado pelo samba Trem das Onze dos grupo Demônios da Garoa e composto por Adoniran Barbosa. De lá também conheço o time de várzea do Botafogo de Jaçanã, bem querido. O blog dimiliduques deixa pra vocês o CD intitulado É o Gigante, lançado em 2007 pela gravadora Equilíbrio (de propriedade de KL Jay),  o grupo é formado pelos MC’s Thig, Negrinho e DJ Pampa. Que começaram a trilhar o caminho do rap num festival da Revista Rap Brasil onde chamou a atenção do DJ QAP (do grupo SP Funk) que prontamente ofereceu seu estúdio pros caras gravarem.

O trampo é de responsa, além da citada tem outra (outras!) que a instrumental é louca, fez sucesso estupendo nas pistas e no rádio, chamada Jaçanã Picadilha (produzida por DJ Marco ex Possemente Zulu). O legal é a levada quase coloquial, onde parece que o mano tá falando numa gíria nervosa, é a malemolência da favela no modo de falar em prol de cantar. E outro detalhe é que em algumas letras eles citam coisas como “pra mim escutar as antiga” , citam Isley Brothers, samba rock e ainda assim conseguem dar um cunho social. Achei respeitoso da parte deles e ao mesmo tempo demonstra certo conhecimento musical da cultura dos bailes blacks e discos de vinil. Voltando ao som, ouvi a música Sem Futuro, me perguntei quem produziu isso? (Edi Rock tá). Um jazz usado como base, capricho, criatividade, bom gosto,  e eu sem as informações da capa. Mas corri atrás, é moleque, suspeitava que era coisa do KL Jay, mas o disco é uma produção de várias mentes pensantes, tais como DJ QAP, Sagat, Dall, Edi Rock e DJ Marco. A maioria das faixas entre 4 e 5 minutos, certeiras e objetivas. Como por exemplo a letra de Abracadabra Plim , bem bolada, inteligente e sensível no seu intimo., e a base meio que uma melodia no compasso. A faixa Com Quem Sou, instrumental puxada para um samba rock com um baixão dando um clima soul, e a letra apesar de conter certo humor lírico e um clima alto astral, fala da realidade da favela. O clima de noite da musica Nu Mó Instinto, entrega as inspirações “flash backeanas” musicais na produção do grupo.  

Cara não tem como em algumas passagens não se lembrar da década de 80 e suas ruas de terra batida. Também citando nas letras coisas como; tênis Leqoc, “goma“ humilde, os “coxinha”, “sumariar”, os “perreio” do dia a dia, em acordar as cinco e dar uma “ripa”, os “pirriu” (guardas não oficiais de moto das periferias que acionam a sirene quando passam) e usando instrumentais como na música Quem Me Ganha, não tem como. A faixa Nossas Viagens parece sintetizar o estilo musical do grupo, a ginga, a letra, a pegada e a base já se pode chamar de estilo Relatos da Invasão. A faixa que dá titulo ao CD, É o Gigante, não é a melhor, mas tem sua beleza no que diz a oratória otimista e na montagem paradoxal de uma instrumental melancólica. Ontem ,Hoje e Amanhã outra faixa que usa um fundo rap samba-rock.  A Ritmo Bandido antecedeu o estilo de alguns instrumentais usados depois no disco solo do Edi Rock, com muito G-Funk  de primeira nas bases. Não tinha também como falar “da antiga” e não colocar uma melodia, na musica Adultério, a base lembra muito uma lenta dos Manhatans. Outra coisa interessante são as participações dos rappers convidados, a maioria estão na correria para mostrar seu trabalho, como Quadrilátero, Kleber, Gil, Sagat, Robson , Lucas, Ultima Chance, LL Stilo Favela, Garotos da Periferia, Buli, Dall e Zal. 

Só na picadilha pode baixar clicando na capa


https://mega.nz/#!cg0izKLa!NL-SjzqY9THKePJKMnxuRn88OJV_CnhCgDhJF24vl_Q

quinta-feira, 28 de abril de 2016

A babilônia By Gustavo Black Alien



Falar de Black Alien é relembrar os bons tempos do Planet Hemp , é rap alternativo e independente/underground. Gustavo nasceu em 72 em São Gonçalo-RJ e espalhou suas rimas junto com Marcelo D2, Speed Freaks (in memorian), B. Negão, Charlie Brown Junior, Fernanda Abreu, Marcelinho da Lua, Sabotage...Quando em  2004 foi lançado Babylon By Gus – Vol. 1 - O Ano do Macaco foi festa na casa do meu amigo Kaverna. Lembro que a música Como Eu Te Quero rolou varias e varias vezes e a galera toda maluca. O mano Black Alien sempre teve um flow da hora e umas letras viajantes.  A primeira vez que eu viajei numa música sua, foi em Mulheres e Crianças Primeiro, a gravação era do áudio da TV num programa que ele e o rapper Speed se apresentaram. Era bem estilo Wu Tang Clan, base louca e letra idem, essa saiu num CD demo chamado Corporation Preview. 

Dizem que o CD foi produzido em um mês e saiu pela gravadora Deck Disc. E o título Babylon By Gus é inspirado em Babylon By Bus,  LP de Bob Marley. O blog dimiliduques deixa a disposição para que vocês possam apreciar esse que já um clássico. Começando na produção certeira de Alexandre Basa, passando pela capa estilosa com cores retrôs e uma foto de Gustavo na infância. O rapper alia uma pegada raggamufin com gangsta em letras reais , rasteiras , líricas e às vezes bilíngues. Realmente tem umas músicas que eu posso destacar, mas sabe aquela vibe que pode deixar rolar por inteiro? É tipo assim. Gosto muito da já citada Como Eu Te Quero (essa preferida também por meus manos Kaverna, Jajá, Juliano JL e Marcos da Liba), mas incluo a Mister Niterói (sugiro escutar no talo), Caminhos do Destino, Babylon By Gus, Umaextrapunkprumextrafunk (essa meu filho Jonnathan vive cantarolando) e Na Segunda Vinda... Mesmo não fazendo o mesmo barulho, em 2015 ele lançou o Babylon By Gus Vol. II – No Principio Era o Verbo. Black Alien continua ativo na ativa, mandando suas rimas líricas e malandras pelo Brasil afora. E foi tema de um documentário em 2007, “A Lírica da Bereta” dirigido por Ton Gadioli.

Clique na capa pra baixar...Mulheres e Crianças primeiro

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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Temas Instrumentais artistas nacionais



Instrumental é que há em matéria de reflexão e relaxamento. Seja numa hidro, seja observando a paisagem duma janela. Aqui o blog dimiliduques reuniu alguns artistas brasileiros de peso (exceção feita ao Virgilio Hugo Exposito que era argentino que viveu e gravou durante oito anos aqui no Brasil). A musica instrumental brasileira tem muito conceito no mundo todo e é referencia quando o assunto é choro. No caso dessa coletânea não tem chorinho, mas tem mais uma levada jazz/bossa/samba/soul. Nos anos 60 principalmente foi onde o sambalanço e o sambajazz virou uma febre e os brasileiros viajaram no estilo. Na coletânea você vai encontrar coisas antigas e alguns poucos mais recentes que é o caso de Vinicio “Bina” Coquet. Entre outros estandartes estão Tom Jobim, Luiz Carlos Vinhas, Caçulinha, Cesar Camargo Mariano, Erlon Chaves. Não poderiam faltar os conjuntos e trios como Milton Banana, Som Três,  Azimuth, Os Cobras, Cinco no Balanço... Enfim músicos inspirados, que fizeram da criatividade sua marca, é botar pra tocar e viajar mesmo. 

Imagem da capa copiada do site/fotolog :   http://myfotolog.tumblr.com/post/60666018034  


http://www.mediafire.com/download/84uyri53mwx3r6i/Temas+Instrumentais+-+nacional+dimiliduques.rar

Clique para ver a Playlist abaixo:




quinta-feira, 7 de abril de 2016

Black's N' The Hood , radicalmente rap nacional



O grupo Black’s n’ The Hood’s é oriundo do lado Leste de São Paulo, do bairro da Vila Matilde. Formado pelos manos Careca (KGL), Márcio (Hood Lee) e DJ W-Hood. O nome do grupo me soava estranho por ser americanizado demais,  sempre me remeteu ao filme Boyz N’ The Hood, e deve ser inspirado nele mesmo, já que é um filme de 1991 e de trilha sonora rap, com uma das primeiras aparições cinematográficas do Ice Cube integrante do NWA. Olhando hoje, o nome era da hora, eu que na época era muito "radical" também. 

A primeira gravação do grupo foi na coletânea Vozes de Rua Vol. I de 1992, pela Kaskata's Records com a pesada, Quem É o Culpado, com participação dos Doctor’s MC’s. Dois anos depois gravaram o LP solo; Os Piores Venenos Estão nas Menores Cobras pela M.A. Records/TNT Records com produção de Mad Zoo e gravação/mixagem de DJ Raffa. Falando do trampo, é bem louco, maioria de raps mais acelerados, estilo que teve seu auge em 1992 com o rapper americano Mr Tung Twista. Mas para quem curtiu o movimento rap em São Paulo na década de 90, era chamado de rap radical que depois também ganhou o nome de bate cabeça. As produções bem ao estilo que todos os rappers paulistas sonhavam, refrões pesados, G-funk rasteiro e com colagens de soul e jazz.  Os vocais bem entrosados, levadas e flows adequados. As letras eram o que mais se distanciavam dos “radicais” da época, equilibraram um  discurso social/político com um pouco (só um pouco) de humor despretensioso. 

O blog dimiliduques deixa para vocês esse clássico, ele fez muito barulho dentro do movimento rap, não chegou a fazer um “sucesso” estrondoso, rolou mais nas rádios de programas blacks como o Projeto Rap do Armando Martins (da equipe Circuit Power), mas ficou marcado nos corações de quem tinha o rap na veia. Eu gosto muito da levada e instrumental de Donos da Razão (Marcelo dos Santos/Márcio Martins Bonifacio). Vou dizer uma curiosidade e deixar uma dúvida aqui, o compositor é Marcelo dos Santos, que eu saiba esse é o nome verdadeiro do Xis que também é da Leste, seria ele mesmo?...  Aliás eu tenho uma composição com o Xis chamada Lunático (gravada pelo rapper Jamal). E meu nome? Marcelo Santos Costa! muito engraçada a coincidência quando fui assinar a liberação na Atração Fonográfica e constava outro Marcelo e com sobrenome Santos ainda. 

 Outras que eu gosto são; Que Pais É Esse (Márcio Martins Bonifacio/Jeferson Mendes) repare no finalzinho dela que groove! E a rápida e empolgante Onde Você Vai? (Jeferson Mendes) a que mais rolou nas pistas e rádios, com um sampler de um sintetizador ou órgão setentista, fazendo o compasso para os vocais arrebentarem. A entrada de Para Aquele Pilantra (Marcelo dos Santos) sampler de Loves Theme da Love Unlimited Oschestra e Barry White com um discurso falado por cima e para em seguida entrar um instrumental pesado totalmente oposto a introdução, simplesmente loucura musical. A faixa Desigualdade (Márcio Martins Bonifacio/Andre) é um mosaico, com um pinguinho de Run DMC, mudanças de batidas (de bases), scratchs, breques, montagens, participação de Ugly MC do Filosofia de Rua e um efeito eletrônico que nas caixas JBL tremiam o chão. Teoria (Márcio Martins Bonifacio) é a base mais festa e g-funk das antigas, é uma leve resposta a música Mulheres Vulgares dos Racionais MC’s. Apesar que a musica Dama da Noite do Comando DMC é mais escancarada como resposta a Mulheres Vulgares.

Lembro de uma apresentação quando eu ainda cantava rap com a banca do Organização Brutal, da  zona Sul e cantamos no mesmo palco que eles. Foi no Love Story da Vila Carrão, com o Dj Todynho. Tirando o lado que não deixaram nosso DJ M Jay (Marcelo) arranhar os vinis para fazer scratchs, foi legal. O Boca Mc da nossa banca cantou com uma meia calça no rosto, doideira. Os caras do Black’s tinham um puta domínio de palco e até o DJ ia na frente com dois vinis na mão dançar o estilo “smurf dance”. Bons tempos em que o rap era a voz de toda uma geração politizada e que procurava ler e se informar para não se entregar ao sistema.

Onde você vai? Clique na capa e baixe

http://download1951.mediafire.com/5sc6brdidm1g/rq17l3snjdwq5ji/Black%5C%27s+N%5C%27+The+Hood%5C%27s+-+Os+piores+venenos+est%C3%A3o+nas+menores+cobras+%281994%29+by+tchelo.rar



terça-feira, 5 de abril de 2016

Cabô de Zé Renato



Esse é mais para quem quer um samba mais lúcido ora mais malandro, ora  mais suave. Zé Renato e o seu CD intitulado Cabô de 1999, que saiu pela Indie Records, coisa fina. Não podemos rotular como um disco de samba propriamente dito, mas digamos que é 99%. Bem arregimentado e tocado , o trabalho tem participação de estúdio por exemplo de Ovídio, Marçal, Zero e Marcelinho Moreira na percussão, Pedro Amorim no cavaco e bandolim e Carlinhos 7 Cordas no violão de 7. Nas composições gente distinta que musicalmente se encontra nas diferenças; Nei Lopes, Paulinho Moska, Elton Medeiros, Arnaldo Antunes, Abel Silva, Pedro Luís , Lenine, Sergio Fonseca e outros. 

Eu destacaria a faixa titulo Cabô (Pedro Luís / Zé Renato), o forró Como Tem Zé na Paraíba (Catulo de Paula/Manezinho Araujo), Olhos Puros (Elton Medeiros/Zé Renato), Recente Viuvez (Sergio Fonseca/Zé Renato), Um Novo Amor Chegou (Wilson das Neves/Paulo Cesar Pinheiro) e a aulinha de samba chamada Pandeiro (Nei Lopes/ Zé Renato). Trabalho para ser escutado curtindo uma cervejinha artesanal e com um bom som de graves. 

Zé Renato já havia se enveredado pelo samba, paralelamente ao seu trabalho com o grupo vocal Boca Livre. Como em 1995 no CD Natural do Rio de Janeiro sobre os sambas de Zé Keti (esse também muito bom!). Filosofia de 2001 com musicas de Chico Buarque e Noel Rosa. Minha Praia de 2003 apesar de mais “bosseado” tem uma pitada samba também. 

Entre projetos e solos foram 15 trabalhos desde 1982, um cantor de talento que não é “grande mídia”, dificilmente se vê sapecando em programas dominicais, ainda bem. 

Clique na capa que cabô não! apenas começou!

http://www117.zippyshare.com/v/nmffwHUk/file.html