quarta-feira, 24 de agosto de 2016

1º Festival de Pagode do Só Pra Contrariar

A casa de shows e choperia Só Pra Contrariar ficava em ótima localização para a vida boemia de São Paulo, no bairro do Bexiga. O seu dono era o empresário Jorge Hamilton e por lá passaram grandes sambistas que depois se consagrariam. Como os grupos Sampa, Art Popular, Sampagode, Da Cor do Pagode, o cantor Betho Guilherme e muitos outros.


Em 1988 e 1989 a casa lançou duas coletâneas com o nome de Só Pra Contrariar e Seus Convidados (volumes 1 e 2) essas duas com grupos que volta e meia tocavam na casa. E em 1991 ainda saiu a coletânea O Melhor do Só Pra Contrariar e em 1992 aconteceu o 1º Festival de Pagode do Só Pra Contrariar, todos esses discos saíram pela gravadora de Jorge Hamilton chamada JWC (depois mudou o nome para Jota Haga).

O blog dimiliduques coloca a disposição o LP do festival de 1992. Ele aconteceu em meados de 1990 no palco da própria choperia principalmente a sextas feiras.  Muitos grupos bons saíram nessa coletânea; temos o grupo Beira Rio onde o cantor Belo era cavaquinista, e por incrível que pareça não foi ele quem cantou a faixa Swing Pra Mulher (Zezinho/Marcelo Aranha). Os Magnatas do Pagode foi um dos que tiveram a música mais divulgada do LP, Doce Mania (Zezinho Cipó) e até hoje figura no arquivo de samba das emissoras de rádio. 

Outro grupo de destaque era o Grupo Cultural Samba com a faixa Saudade (Carlinhos Azevedo) da região da zona Sul de São Paulo que tinha entre seus integrantes  Dendén (violão), Tiguera (cavaco), Reginaldo (reco) e Maurinho (repique), depois lançariam um solo pela própria JWC. Outros grupos os quais eu conhecia eram: Plena Confiança do ótimo vocalista Ailton, sua música Sem Mistérios,Nem Fronteiras (Tinho/Gildão/Nenê) também era uma das melhores da coletânea, eram de Diadema. O grupo Luz e Poesia do Beto do pandeiro com a música Vilão  que chama a atenção pelos nomes dos compositores (Du's Betu's/Tião Samba Clube) eram da região sul, no Jardim Miriam. E o ótimo grupo Sentimento de Posse (do cavaquinhista Paulinho e do vocalista Evandro) era do bairro da Pedreira, teve também umas das faixas mais comentadas do disco, Louca Por Mim (Salgadinho/Dal/Juninho do Banjo)


Outro que tive a oportunidade de conhecer foi o pessoal da zona Leste, o grupo K Entre Nós, muito versáteis no palco, lançaram a dançante Inspiração de Um Poeta (Adriana Moreira). O Grupo Naturalidade um dos únicos que gravaram um partido alto, Este Ser (Titi do Cavaco/Washington Cantareira), era da zona Norte pelos lados do Tucuruvi e se não me engano, fazia parte o Fabinho Natura compositor de mão cheia de entre outras Eterna Lua de Mel e Sempre Vai Haver Amor do Grupo Malícia.

Completavam o time os grupos Oitava Cor, esse nome depois viria a batizar vários outros grupos em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Grupo Serra Samba (com o figurino da foto bem clichê na época). Grupo Alforria, sempre achei esse nome forte e eles  entraram com o swing Raro Brilhante (Carlinhos Alforria). E o Grupo Bem Bolado, esse já bem conhecido, em tempo; toda improvisação no pagode tem o nome de “bem bolado” era bem comum um grupo que não tinha nome usar esse provisoriamente. O grupo Bem Bolado chegou a gravar outra faixa, Meu Sentimento (Edson Fumaça) na coletânea Sabor Brasil da Transcontinental.  


Conversando com o Renato Tiguera que fez parte do grupo Cultural Samba, ele nos contou algumas curiosidades. Por exemplo o grupo Magnatas do Pagode que era do interior de São Paulo (Araraquara) não chegou a participar efetivamente do festival, foi convidado pelos organizadores. Os jurados do festival eram integrantes e sambistas que tocavam na casa e o empresário Jorge Hamilton. Eram quatro grupos por chave que participavam com duas músicas inéditas cada e ninguém participou com banda (contrabaixo/bateria e teclados). Os grupos depois, não tiveram acesso a quantos Lps foram prensados e nem tiveram direito a cotas ou direitos financeiros de vendagens. Um dos grupos que participaram, não passaram de fase, mas que depois conseguiram seu espaço foi o Mi Menor da zona Leste de SP. Segundo Tiguera "as gravações aconteceram num estúdio no bairro da Bela Vista, uma tiração de sarro, com todos os grupos presentes, tinha até fila! era nossa primeira experiência em estúdio, um pouco de tensão, mas foi marcante e muito legal". Ele puxou da memória alguns dos músicos participantes, já que o LP que eu possuo está sem os encartes onde consta a ficha técnica; Edmilson Capelupi (Arranjos e Violão), Marcio Hulk e Biro do Cavaco (cavaco), Delcio Luiz (banjo), Bororó Felipe (baixo), Fred (surdo), Edu Neto (teclados), Fumaça (pandeiro), Paulinho Sampagode (tantan) e Camilo Mariano (bateria). O disco teve alguma repercussão no meio dos pagodes e  abriu várias portas para os grupos participantes. A qualidade musical do disco é indiscutível, os músicos e arranjadores souberam delinear o som, resultando num trabalho profissional e bem feito.






Clique na capa e bora sambar







Repost: Tim Dog, um dos primeiros cachorros loucos do rap americano

O rapper Tim Dog tinha um timbre nervoso, um agudo abafado que fazia com que seus raps tivessem todo um clima de revolta. A levada era aquela noventista, na cadências dos bits e no ritmo.  Quando tinha meus 16 anos, lembro que ainda cantava rap com os manos DJ Claudinho, PESO e Reni C.  esse play rolava direto. E tinha ali uma instrumental da hora que a gente fazia umas rimas em cima, era a faixa Step To Me.

Obviamente não entendíamos muito de inglês, mas dava pra ouvir em músicas (Fuck Compton por exemplo)  alguns xingamentos endereçados aos manos do grupo de rap NWA, CMW, Dj Quik,  Eazy-E, Ice Cube e para o rapper Ice T. Tim Dog abusava dos "fucks", "bitchs" e "shits". É um daqueles discos em que o selo de advertência "Parental Advisory Explicit Lyrics" era obrigatório. A produção ficou a cargo do próprio Tim Dog e de Kool Keith, Ced Gee, TR Love e Moe Love, todos eles integrantes do grupo Ultramagnetic MCs, exceção feita a duas faixas produzidas por Bobby Crawford do grupo Ol Skool.

Nascido Timothy Blair, Tim Dog era um rapper da costa Leste dos EUA, mais precisamente de New York, Bronx e fez parte de uma das maiores tretas do rap americano. Ele teve a coragem de bater de frente com os rappers que estavam fazendo sucesso na época no estilo gangsta. Culminando no ódio musical entre as costas Leste e Oeste (que por vezes extrapolou para tiros e mortes).  Exemplo disso foi a treta dos primórdios entre Boogie Down Productions x Juice Crew, das rappers Lil Kim e Foxy Brown,  Ice Cube contra NWA, The Game x 50 Cent e por aí vai. E uma das mais notáveis e trágicas (onde ambos acabaram mortos a tiros) envolveu os rappers  Notorious B.I.G.  (Costa Leste) e Tupac Shakur, que deram continuidade a essa briga dentro das gravadoras rivais Bad Boy Records de Sean Combs (Puff Daddy) e Death Row de Suge Knight.

O blog dimiliduques põe a disposição o seu primeiro álbum, Penicillin on Wax de 1991 da gravadora Columbia, pelo selo Ruffhouse (ligada a multinacional Sony). A maioria das músicas tem uma pegada mais para frente. Além das já citadas acima, tinha uma faixa Secret Fantasies em que a instrumental é permeada de gemidos como numa transa. Já em Michelle Conversation é simplesmente uma conversa telefônica que parecia uma voz infantil, era uma de suas “homenagens” fazendo piada com a voz da cantora de R&B Michel’le, da cidade de Los Angeles que era artista do selo Ruthless que era de prorpiedade de Eazy-E. Tem também uma vinheta, que usa a voz do falecido comediante  Robin Harris na faixa Robbin Harris Shit, em que ele diz Fuck Compton.

O rapper Tim Dog morreu aos 46 anos no dia 15 de fevereiro de 2013, devido a um mal súbito provavelmente por complicações ligadas a sua diabetes. Na época cogitou-se até que seria um golpe de marketing ou que ele estaria se escondendo para não pagar uma dívida em dinheiro (processo que perdeu no tribunal). Mas mesmo sem um atestado de óbito e por sua família ter ficado de luto sem dar declarações a respeito, a verdade veio a tona e Tim Dog não esta mais entre nós. 




Repost: Lig lig lig... quem nunca ouviu esse começo da Melô do Patinho?

A dupla MC Kooley C e DJ KJ são oriundos da Florida e ficaram famosos aqui no Brasil pela melô do Patinho (Big D). Chegaram a fazer shows no Brasil em apresentações no Club House em Santo André  e no ginásio do Palmeiras em 1988. O grupo lançou dois singles em 1986 com os titulos de Lets Get This Party pelo selo Beware  Records e Started,Just Luke and Listen / Shery and Donno pelo selo Luke Skyywalker Records .O blog dimiliduques põe para todos o LP  com a citada famosa música Big D, lançado em 1988 intitulado Our Time Nas Come pela Beware Records (no Brasil saiu pela All Disc /Eldorado) .

Cara, namorei esse vinil por muito tempo, passava numa loja ali em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Mas meu ordenado de office boy não dava pra comprar, então meu tio Galo arrumou pra mim. Não vou dizer que fiquei decepcionado, na verdade o disco era fortemente influenciado pelo Miami Bass e Electro Boogie. Gostava mais das músicas Big D e Know U Better.  São boas recordações ao olhar a capa de fundo marrom com os dois artistas a frente e o selo “Incluindo o sucesso Melô do Patinho”.
Mas enfim, o Miami Bass ainda não era tão difundido na época e eu curtia mais o que a gente costumava chamar de balanço. Nos arranjos rápidos os caras usavam muitos sintetizadores, scratchs e a bateria eletrônica TR-808. O disco era bem produzido e Kooley C. mandava bem na rima e no ritmo. Hoje olhando para trás, os caras estavam lançando uma semente que deu frutos juntamente com Steady B. , Dynamix II, 2 Live Crew, JJ Fad,  Rodney O, Sir Mix-A-Lot e outros.

Atualmente, Kooley C, mora no sul da Flórida é um conceituado produtor, já trabalhou com novos nomes, como Pretty Rick e Pitbull.

Clique na capa sem afinar a voz

http://www.4shared.com/rar/ZIN1DlMlce/Dj_Kj__Mc_Kooley_C_-_Your_Time.html


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Repost: Pé Moleque um grupo mais que amigo



O grupo Pé de Moleque tem origem na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo em 1990. Quando uns amigos que andavam juntos na escola e dançavam break resolveram montar um grupo de samba. E frequentando do outro lado da cidade, as tardes de pagode no Camisa Verde e Branco a inspiração falou mais alto e ali encontraram o ambiente propício para levar a ideia adiante. A primeira gravação foi em 1991 , uma faixa no LP/coletânea do Choppapo. A música em questão era a Carente de Paz composição de Helder Celso/Rogerinho, aliás o grupo já havia ganhado um festival no Festival do Botequim do Camisa. A coletânea do Choppapo era uma daquelas bem fortes,  com vários grupos bons como Exaltasamba e Katinguelê. O Pé de Moleque foi um dos que se destacou e se apresentou por vários locais em São Paulo. 

Em 1993 veio a chance de gravar um solo, pela até então recente gravadora, Paradoxx Music. Lançaram  o LP “Mais Que Amigo” e logo de primeira causaram uma ótima impressão. Diretamente do Studio 464 no Rio de Janeiro com arranjos de Mauro Diniz e o resultado ficou muito bom. O blog dimiliduques põe mais esse tesouro do pagode noventista a disposição.

Na capa o figurino foi bem colorido com camisões que na época eram a moda da juventude pagodeira. Fotos do saudoso Aki Morechita que fez várias capas não só de pagode mas de sertanejos nessa época (Leandro e Leonardo por exemplo). O design foi do Luiz Cordeiro o famoso Katmandu. E até os cabelos tiveram a mão dos salões do Toninho Black Power um dos pioneiros das grandes galerias em São Paulo (Rua 24 de Maio).

Se liga no time de feras como músicos. O arranjador Mauro Diniz também tocou banjo, cavaco e violão, Helder Celso no cavaco, Jorge Simas violão de 7 cordas, Bororó contrabaixo, Lobão Ramos nos teclados, Jorge Gomes na bateria,  Felipe D’angola surdo e percussão, Mokita no pandeiro, Reinaldo Batera no repique e percussão e  Macalé percussão. 

Na época da gravação o grupo era formado por Helder Celso (vocal e cavaco), Mokita (pandeiro), Rogerinho (tamborim), Odair Odamoleque (timba), Josenario Mascarenhas (violão de 6), Pelé (surdo) e Nikimba (reco). Uma curiosidade é que os integrantes Mokita e Helder Celso (na época ainda Elder), são filhos do locutor Moisés da Rocha, grande defensor do samba na rádio USP FM de São Paulo.

Destaques para as músicas Mais que Amigo (Mokita/Helder Celso/Rogerinho/Nikimba) Tá na Hora (regravação do swingueiro Bedeu), Por Onde Ir (Mokita/Helder Celso), Carente de Paz (Helder Celso/Rogerinho) aqui com um arranjo um pouco modificado. Mas o LP inteiro é de bom gosto, incluindo as faixas; Fundamentos do Amor (Adilson Bispo/Borracha/Pelezinho) , Nas Pegadas de Um Amor (Mauro Diniz), Pra Que Sentir Solidão (Helder Celso/Rogerinho) e os partidos Festa na Cozinha (Juninho/Salgadinho/Papacaça/Dal), Luz da Poesia (Helder Celso/Chiquinho dos santos) /Meu Sambista Meu Amigo (Carica/Soró/Luizinho SP) e Velhos Arvoredos (essa última do grande sambista Wilson Moreira).

O grupo ainda lançou mais um ótimo CD intitulado Um Novo Olhar em 1996. E fez parte dos grandes do pagode, até metade dos anos 2000 ainda fazia shows mas depois disso o grupo deu uma parada.

Clique na capa e prove o doce pagode





sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Intuitivamente pagodeando

O grupo Intuição foi fundado em 1996 numa junção de pagodeiros da capital, do ABC (Diadema) e do interior de São Paulo (Presidente Epitácio e Presidente Prudente). O grupo se apresentava como grupo mistura e Cor, porém esse nome já estava sendo usado e na procura de um nome um dos integrantes disse para se usar a intuição, pronto estava batizado o novo grupo.

Eles eram figurinhas carimbadas nas rodas e nos palcos de pagode, principalmente em São Paulo.  E nessas apresentações, muitas vezes culminava com a abertura de shows de grupos já firmados na cena como Art Popular, Katinguelê, Exaltasamba, Negritude Jr. Isso era uma enorme responsabilidade, mas indiretamente dava um fôlego e maior experiência para um grupo iniciante. Era meio que uma prova de fogo em que eles passaram e conquistaram seu espaço musical, com elogios do publico e outros frequentadores da noite paulistana.

Mesmo contando com onze componentes, havia uma vantagem; é que os músicos de banda (contra baixo/bateria/teclados/percussão geral) eram integrantes, não havendo necessidade de contratar freelances, o que muitas vezes causa um desgaste se não tiver a devida organização administrativa. Falo isso por ter feito parte de um grupo e por experiência própria posso afirmar, correr atrás, marcar shows, cuidar de cachê, local de ensaio, contratar banda e outros detalhes burocráticos, tem que ser feito por alguém de fora, pois sobrecarrega qualquer um que tente ser músico e ao mesmo tempo empresário ou uma espécie faz tudo.

E nessa parte o grupo Intuição parecia ter vivido uma das melhores fase em 1997, quando estavam nas mãos de Marcelo Pedroso e Riverte Santos. Quem curtia os pagodes na noite poderia encontrar eles nas melhores casas do ramo, como: Mistura Brasileira, Choperia Polo North, Alpendre, Consulado da Cerveja, Caipilona, Birinight etc... A exposição teve um resultado positivo e essa agenda aumentou mais quando no ano seguinte aconteceu o lançamento do CD nas lojas e a música Amor Que Eu Nunca Vi  rolando nas rádios. O trabalho de divulgação aumentava o leque de aparições do grupo em programas de TV como Flash de Amauri Jr. e  Programa Raul Gil.

O blog dimiliduques deixa para vocês o 1º trabalho, intitulado Doce Sabor, lançado em 1998 pela Zimbabwe Records / RDS. O grupo tinha a seguinte formação: Alaim (baixo), Marcos Mortão (pandeiro e voz), Renatinho (cavaco e voz), Fabio Tchê (violão), Anderson (voz), Junior (percussão), Roquinho (percussão), Julio (teclados) e Jeferson (banjo, percussão e voz). O trabalho foi gravado no Rio de Janeiro (estúdios Impressão Digital e Chorus) e produzido por um dos “magos” do pagode 90, Bira Haway. No cast de músicos participantes na gravação temos: Evaldo Santos (arranjos e teclados), Prateado (contra baixo), Paulão (violão), Camilo Mariano (bateria), Alceu Maia(cavaco) , Marcelo Lombardo (banjo), Pirulito (surdo), Leandro Sapucahy (tamborim, jimbrau, timbau, pandeiro, ganza e assistente de produção), Laizy Sapucahy (tumba e tamborim), Marcos Vinicius Bigode (tantan), Bira Haway (tamborim), Eliana, Elizeth, Elianeth, Eliete, Antonio Cunha e Moisés Costa (coro).

Destaco as faixas:  Amor Que Eu Nunca Vi (Delcio Luis/Carlito Cavalcanti), que foi o carro chefe do disco, um arranjo bem legal onde na introdução um baixo brinca e o comecinho vem um cavaquinho, sons de teclados dando um clima para o vocal Marcos Mortão deslizar numa bela interpretação.

Amor Selvagem (Edu/Mito) muito legal a melodia dessa música com dissonantes indo e voltando, com um refrão pra cima bem ao estilo do compositor Mito integrante dos grupos Toke Divinal e depois Refla.

Sabor Hortelã (Luis Claudio Picolé/Marcio Paiva) é um pouco mais balançada, repare quando acontece um crescente da metade para frente e rola um breque, refrão alegre, bom tocou no rádio e foi sucesso.

De Novo a Festa (Arlindo Cruz/Sombrinha) essa foi regravada num tom diferente em 2003 com o nome Um Sim Pra Quem Te Gosta no disco Pagode do Arlindo Ao Vivo de Arlindo Cruz.

Paixão que Me Faz Viver (Arlindo Cruz/Marquinho PQD), pegada mais astral, a composição tem toda a poesia de PQD e a harmonia sempre certeira de Arlindo.

A Sacolejo é um partidinho peculiar do pagode noventa, com um andamento mais cadenciado que os partidos da antiga, essa é legal porque ficou ali no meio, nem muito rápida e nem devagar.


Enfim um trabalho equilibrado, simples na sua concepção, mas bem produzido em se tratando do primeiro solo de um grupo. Só a capa que achei um pouco estranha a primeira vista, é que Jayme Ribeiro fez a capa digitalmente e ficou datada com os recursos tecnológicos daqueles anos 90, muito brilho, colagens e montagens. Tive a percepção de que a viagem na criação foi; uma pessoa “pensando” em letras, poesias e usando a Intuição. 

Eles ainda lançariam em 2000 o CD Caixa Postal mudando a nomenclatura para Yntuição, produzido por outro craque pagodeiro, o contra baixista Wilson Prateado. Em 2001 participaram da coletânea Melhores do Ano idealizada por Pelé Problema, com a música Desengano ao lado de Royce do Cavaco. Em meados de 2003 o grupo parou suas atividades por problemas internos. O vocalista Anderson , o cavaquinhista Renatinho e o pandeirista JR montaram outro grupo e continuaram usando o nome Intuição no estado do Rio Grande do Sul chegando a gravar em 2006 o trabalho Ao Vivo -Tempo de Amar. Agora em agosto de 2016 o grupo Intuição esta retomando a carreira com o vocalista Marcos Mortão (agora com o nome Max), Dave (vocal), Niki (pandeiro), Fabio Tchê (violão) e Rodrigo Gigio (cavaco), o EP esta intitulado de O Couro Vai Comer.

Clique na capa vai que vai...




segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Coletânea Barracão de Zinco, só pra contrariar

O LP que o blog dimiliduques deixa hoje pra vocês é uma postagem especial. Digo isso pois, pelo menos dois dos grupos (Aquela Imagem e Sorrindo Assim), que saíram nessa coletânea são amigos próximos do bairro onde eu morava, Pedreira , zona Sul de São Paulo. O grupo Sorrindo Assim era formado por Nego Jorge (reco e vocal), Jean Magrão (banjo), Josa (pandeiro), Lasquinha (rebolo), Marcio Alemão (repique/voz), Djalma (tantan), Dorival Savioli (violão/voz) e Clayton (cavaco/voz). O grupo Aquela Imagem era formado por: Jerry Ferrugem (Tantan/vocal), Juninho Futurinho (cavaco/voz), Flavinho (violão/voz), Miguel (repique/voz), Wilsão (tamborim/timbau), Lelo (reco) e Dudu (pandeiro/voz). O bairro entre outros, lançou muita gente boa no mercado de samba/pagode, como os grupos Katinguelê, Pixote, Tradsamba, Sempre Assim, Sentimento de Posse, Cultural Samba... E outros nomes da composição que moravam pelos lados de cá como Papacaça, Mito, Dal, Douglas Sampa e Paquera.

O festival ocorreu no ano de 1992 e funcionava como uma espécie de caça talentos, tinha um bom nome no meio do samba. Era para ser uma continuidade ou volume 2 do LP Festival de Pagode do Só Pra Contrariar organizado pelo empresário Jorge Hamilton. Mas só saiu em 1994 com o título Barracão de Zinco - Um Show de Alegria pela gravadora Jota Haga (antiga JWC).

Nos festivais de pagode era aquela tensão, para os preparativos, com ensaios, repertório e figurino e outros detalhes como vendas de convite, aluguel de ônibus etc... As regras para se disputar esse festival eram: de harmonia só poderiam ser usados violão, cavaco e banjo e percussão sem bateria. Depois de vencidas as etapas obrigatórias era só comemorar e torcer para que o acordo fosse cumprido. Nem sempre era assim, nesse disco mesmo, a divulgação foi escassa.

Os grupos depois de tirarem as fotos de capa (design de Katmandu) no Parque do Ibirapuera com o fotógrafo Jayme Ribeiro ainda tiveram que esperar mais alguns meses. As gravações foram num estúdio na avenida Indianópolis, (Rede Independente). Segundo Nego Jorge que era do grupo Sorrindo Assim: “Tínhamos todos à convicção que nós mesmos iríamos tocar na gravação (risos) e foi tudo novo pra gente que saía da periferia para tentar algo no meio da música, e quando vimos o estúdio ficamos maravilhados e o processo de gravação me impressionou particularmente, pois cada músico ficava numa sala diferente e depois iam colocando os instrumentos que faltavam em cima da base pronta e eu achei isso o máximo”.



Nas gravações participaram: Jorge Hamilton E Bira Haway (produção musical), Arranjos de João marcos e Anderson Leonardo (do Molejo), Bateria: Edu / Ademir Batera, Surdo: Andrezinho, Bira Haway e Fred, Pandeiro: Dhema, Repique: Paulinho/Anderson, Teclados: Edu Neto, Violão: Marcelo Réa, Banjo: Anderson Leonardo, Cavaco:Marcelo Lombardo, Contra Baixo: Joao Marcos, Percussão geral: Bira Haway/ Fumaça/Dhema e Paulinho, Coral: integrantes dos grupos, Fumaça, Marcelo, Bira Haway e Telma.


Mesmo sem a divulgação necessária o LP foi bem comentado no circuito do samba paulista. Depois de prensados, cada grupo recebeu 50 cópias e assim cada qual tentou a sua divulgação independente. Algumas curiosidades: Um dos organizadores disse que um grupo com o nome de Só Pra Contrariar de Minas Gerais estava inscrito e que não tinha nada a ver com eles, mas acabou não participando do festival, talvez por ter o mesmo nome da choperia o que poderia causar algum desconforto. O grupo Sorrindo Assim participou do festival com a música Perco a Razão (Papacaça/Salgadinho) que depois foi gravada pelo Grupo Samba nas Coxas, mas optaram por gravar uma composição dos componentes Cleiton e Dorival Savioli (Parei em Seu Olhar). Já o Grupo Aquela Imagem gravou a música Sonho da Primavera (Juninho/Papacaça/Salgadinho) que é uma resposta a musica A Mais Linda das Flores mais conhecida como Rainha da Flora (Jady/Niltão e Dal) do grupo Sempre Assim.

LP ripado pela Comunidade Bandeira do Samba no Facebook , agradecimentos: Marcelo De La Veiga, Robson Sá e Marcio Diversão.


Clique na Aquela Imagem da capa e fique Sorrindo Assim (link alternativo na contracapa).











  



Samba Rock coletânea do Blog Dimiliduques

Às vezes o pouco é muito, por isso vou escrever o mínimo nessa postagem. É que a música dessa coletânea fala por si só. Samba Rock, rock samba, swing ou outro adjetivo mais que preferir. São músicas escolhidas pelo balanço e é sempre bom ter um set list desse as mãos ou melhor, aos ouvidos.  Tem coisas boas nesse arquivo, algumas mais antigas e outras atuais. Ficava (e fico) ainda pasmo quando vejo um casal dançando samba rock, esses dias num baile nostalgia, um casal em que deviam ter seus 60 anos, traçavam os bracinhos, ele de terno social, boina e sapato duas cores PB e ela num lindo vestido brilhante azul.


Bom não vou me estender mais....clique na capa...sai dançando!





quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Repost: Com o grupo Aparrô de Campinas o samba esparramou-se mais



O Grupo Aparrô foi formado no final dos anos 80 na cidade de Campinas-SP. Na época de ouro do pagode fizeram muitos shows na região e também em São Paulo. E junto com os grupos Tom Maior, Clave de Ases e Partido Alto formaram uma base sólida do samba campineiro. O ambiente propício fez com que o espaço fosse aberto em muitos locais e rolavam um pagode por exemplo na Billy Burger, Flor de Liz, Yes Brazil, Sambalá, Quiosque Taquaral, Neon e outros. 

O blog dimiliduques vai falar um pouco sobre o primeiro (e raro) disco do grupo Aparrô intitulado Suave que saiu em 1993 pela gravadora Colors Discos. Conta com as participações  de Mauro Diniz na dolente Sonho de Brincar (Adilson Gavião-J.Leão-R.Guimarães) e de Zeca Pagodinho no pesadíssimo pout porri de partido alto Pega o Lenço (Alcides Malandro Histórico)/ A Maré (Caetano)/ Nega Meu Consolo (Caetano)/ Quem Te Vê Assim, Risonha (Paulo da Portela)/ Chegou a Hora de Caminhar (Chico Santana).  Outros destaques para as faixas Inspiração do Poeta (Niva) , Estrela da Noite (J.Aragão-C.Colla),  Suave (Niva-Paulinho de Jesus) e Cacique em Poesia (Mauro Diniz-Gilberto de Andrade) essa última uma singela homenagem ao Fundo de Quintal. Os arranjos foram de Mauro Diniz. Os músicos participantes: Teclados: Lobão Ramos, Violão de 6: Mauro Diniz, Violão de 7: Jorge Simas, Contra-Baixo: Bororó Felipe, Cavaco: Vicente Felisberto, Banjo: Mauro Diniz, Bateria: Jorge Gomes, Pandeiro: Macalé, Tamborins: Marcelinho, Felipe D'Angola e Macalé, Cuíca e Xique-Xique: Felipe D'Angola.

O grupo Aparrô tinha um samba mais calcado no estilo carioca e de raiz, mas o estilo também sofria influências do swing e balanço. Nas musicas mais de raiz da pra se ouvir a utilização  do violão de sete cordas e repique de anel entre os instrumentos. O grupo ainda lançou o LP “Chic” pela gravadora Five Star/Chic Show em 1995.

Beto Carioca um dos fundadores do grupo Aparrô por muito tempo foi a referência no pagode da cidade em eventos até hoje comentados, como por exemplo os carnavais de Campinas, projeto “Resgatando o Samba”, o baile do Clube Semanal da Cultura Artística. Sem esquecer as festas no ginásio do Guarani e do Sacode Campinas que durante um bom tempo trouxe vários artistas renomados para o grande público.


Clique na capa e cubra-se suavemente


http://www.4shared.com/zip/_CTDgz1Nba/Aparr_-_1993_-_Album_Suave.html?



terça-feira, 2 de agosto de 2016

Repost: Prato musical do dia: Macarrão do Banjo

O chamado pagode paulista invadiu as ondas dos rádios e as rodas de samba do Brasil em meados dos anos 90. Não é novidade que muitos grupos surgiram e quando a onda arrefeceu muitos também ficaram em alto mar à deriva. Mas teve a sua importância nas vidas das pessoas e movimentou o mercado musical (shows, discos, músicos, compositores, arranjadores, instrumentos, estúdios etc...). Hoje olhando pelo retrovisor um sem número de grupos e cantores passaram por essa vertente. Muita gente boa  surgiu, iniciou-se nas rodas de pagode, formou-se musico e depois seguiu seu caminho até para outros gêneros musicais.

 Tiveram seu espaço, gravaram suas composições e alguns até fizeram o seu o pé de meia. Porém para um músico de verdade não importa muito o dinheiro e sim em primeiro lugar a sua música. Alguns acusam os grupos de pagode (rótulo esse criado pela imprensa) de oportunistas. Outros de um movimento circunstancial. Mas de uma coisa ninguém pode discordar, teve a sua identidade. O romantismo piegas muitas vezes era a palavra chave e marca registrada dos pagodes, era amor rimando com flor... Comparando, mas tirando as devidas proporções e importância,  Cartola também falou de amor. 

O blog dimiliduques sempre irá postar alguns desses LPs e CDs de pagode e hoje é o dia do álbum Lição de Amor de Macarrão do Banjo. Gravado em 1989 saiu pelo selo Choppapo. Para quem não conhece o Choppapo era um bar/salão em São Bernardo do Campo onde era um dos pontos altos nos pagodes no ABC paulista. Lá passou gente de grupos como Katinguelê e Pé de Moleque. Uma curiosidade é que o disco foi relançado tempos depois já com o nome de Israel do Carmo.

O disco teve arranjos de Rick Batera e Prateado com participação de músicos como Belôba no tantan e complementos de ritmo, Marcelinho no repique de mão e tantan,   Royce no cavaco, Edmilson violão de 7, Celso violão de 6, Luizinho e Paulinho no cavaco e banjo, François no trombone, Prateado no baixo e complementos de ritmo, Clovão teclados, Rick na batera e complementos de ritmo, Tinho no surdo, Paulinho Pires pandeiro, coral: Cecilia, Claudia, Mônica, Marcelo, Vilma , Fatima, Pinha, Tiziu, Teo,  Xavier, Beiço, Bi do Pandeiro, Deolindo, Luizinho, Vagner Cabeça e Paulinho Pires . Várias composições do próprio Macarrão e nomes como Carica, Prateado, Almir Guineto e outros. Os arranjos, mesmo simples, dão um charme especial as músicas e é bem a cara do início dos anos 90, com solos de teclados em algumas introduções e a formação básica de pandeiro, repique, surdo, tantan ,bateria,  baixo, cavaco, banjo e violão de 6 e 7 cordas.  Destaque para as músicas Frutos da Tamarindeira (Vaguinho/Preto Jóia/Ronaldo), Paira no Ar (Alexandre), Maldade Inocente (Macarrão/Prateado) e Sambeiro (miguel/Ademir). Macarrão do Banjo depois mudou o nome artístico para Israel do Carmo gravando uma faixa na coletânea da Choppapo e trabalhos solos pelas gravadoras RGE, JWC, Sony Music e Premyer.

Clique no link da capa e paire no ar





Um pagode com puro prazer

Formado no bairro da Pedreira , Zona Sul de São Paulo, em meados de 1998, o grupo Puro Prazer é uma junção de remanescentes de outros dois grupos: o Filosofia do Amanhã e o Sorrindo Assim, esses do começo da década de 90. Já tinham alguma experiência musical com faixas gravadas em coletâneas, e somaram isso nas apresentações. Através de uma coletânea ainda com o antigo nome de Samba Primazia, foram descobertos por um empresário (Luciano Dias) o qual rebatizou o nome do grupo. Lançaram o CD de estreia em 2001 de maneira independente pela LD Records. Apresentaram-se em várias casas de São Paulo e a música Vontade Sem Fim (Ailton Maia / Sá de Souza) foi uma dos carros chefe nas rádios do estado de São Paulo.

A produção do CD teve os arranjos de Marcelo Réa, Bião Roa e Izaias Marcelo com a participação de ótimos músicos, como Laercio da Costa (Percussão), Dendén (violão), Emerson (cavaco), Edu Peixe (bateria), Fumaça ( percussão) e outros.
Nas composições além de quatro faixas compostas por componentes do grupo, havia músicas de Leandro Lehart, Vitinho, Valtinho J, Ademir Fogaça. No trabalho se tem um pagode mais romântico, exceto o partido Vou Pro Pagode (Paulinho Sampagode e Pedrinho Sem Braço) e outra faixa mais pegada Fico Louco de Prazer (Carlinhos/Elias Marin).

Destaque também para as músicas Um Paraiso de Amor (Ailton Maia/Sá de Souza), Te Conhecer (Dorival Savioli/Tchelo Santos/Azul), Carente de Você (Ailton Maia), Pequena Palavra (Dorival Savioli/Tchelo Santos) e Só Imaginar (Ari Bazão/Dorival Savioli). Nessa postagem do blog dimiliduques vai de brinde quatro faixas bônus, as quais não entraram no CD.

O grupo era formado por Josa (pandeiro), Dorival Savioli (violão e voz), Tchelo Santos (reco e voz), Sandro Tiza (surdo), Marquinhos (cavaco e voz) e Ari Bazão (repique e voz). Parou suas atividades em 2010, mas se reúnem esporadicamente no projeto Pagode dos Amigos e outros. Se você quiser saber a história do grupo com muito mais detalhes  basta acessar esse link (aqui).

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