Essa bolacha tem “só” 52 anos de
lançamento (março de 1963), Stan Getz e João Gilberto. Bossa crua, Bossa Nova,
encontro do jazz com música brasileira, sax tenor e violão. O álbum carrega a importância
de ser o responsável pela disseminação e divulgação do estilo Bossa Nova em
todo o mundo. Outro detalhe importantíssimo é que tem a(s) mão(s) e a escrita
de Tom Jobim, que participou do disco. E também tem a batera de Milton Banana,
o baixo de Tião Neto e a voz de Astrud Gilberto. Músicas como The Girl From
Ipanema, Desafinado, Corcovado, Só Danço
Samba e Vivo Sonhando, se tornaram referências para músicos e foram aclamadas pelo público. Composições
de autores como Vinicius de Moraes, Newton Mendonça, Tom Jobim, Antonio
Almeida, Dorival Caymmi, Ary Barroso e versões de Gene Lees e Norma Gimbel. O álbum
tem um ar de sofisticação e até na capa traz esse conceito, na pintura feita
pela porto-riquenha Olga Albizu.
O disco como todo clássico é
envolto de polêmicas, como a ficha técnica que não consta Tião Neto como baixista
e sim Tommy Willians. E declarações de João Gilberto reclamando da equalização
do sax feita pelo produtor Creed Taylor, que em sua opinião ficou muito alta e
se pudesse embargaria o projeto da gravadora americana Verve. No livro Chega de Saudade de
Ruy Castro, ele cita alguns detalhes da gravação como o impasse das escolhas
dos melhores sets gravados e alguns diálogos/discussões.
Num deles João Gilberto pede para Tom Jobim traduzir “Tom fala para esse gringo que ele é burro” e
Tom traduzia calmamente “O João disse que era um sonho dele gravar com você
Stan”. Tem também a participação da esposa de João Gilberto, Astrud Gilberto,
que foi pega de surpresa, pois apenas ajudou como referência, cantando nos ensaios,
mas por sugestão do marido entrou no disco. O trabalho que era desacreditado
pela gravadora Verve (ficou um ano engavetado), começou a vender milhões depois
do lançamento. Pela participação, Astrud foi indicada ao Grammy de revelação
(ao lado de Tom) e só perdeu para os Beatles. Mas em compensação ganhou os
Grammys (1965) de Melhor Disco de Jazz, Álbum do Ano, Melhor Arranjo Não
Clássico e “Garota de Ipanema” Melhor Música do Ano. E de tão especial foi
lançado uma versão folheada a ouro 18k!
Na sonoridade tem o clima
intimista que João sempre conseguiu imprimir com sua voz e violão entrecortado
pelo sax de Getz e o piano de Jobim. Escutando consigo me transpor para um soturno clube/bar/bordel
das ruas de Nova Iorque e ao mesmo tempo imaginar o palco do Carnegie Hall. As faixas 09 e 10 são singles que acabaram
sendo incorporadas no relançamento do álbum em 1998.
Clique na capa é um clássico
dimiliduques!