quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Rap 90's a era radical


O disco Consciência Black Vol. 2. é um disco emblemático e um divisor de águas no rap nacional. Lançado pelo selo Zimbabwe em 1992 foi fruto de um festival que reuniu mais de quatrocentos inscritos. Vale destacar os beats e bases usadas, a maioria clássicos do funk, como, James Brown and JB's, The SOS Band, Average White Band, Isley Brothers e outros. Muita influência também das bases produzidas por DJ Terminator X, responsável pelo som do Public Enemy. A capa foi produção do DJ Vlad e é muito bacana, todos os manos reunidos em um beco do centro da cidade. Se prestarem atenção tem leve influencia da capa de um LP de 1987, do grupo de rap gangsta americano, NWA and the posse(aqui) muito famoso pelas bandas de cá na década de 90.

A produção musical é do racional DJ KL Jay com exceção das faixas "Direitos Iguais" produzida pelo próprio Ice Rock e pelo Brown e a faixa "Porque o preconceito" que ganhou produção do MT Bronks e DJ Jhonny.  Dos vários grupos da coletânea muitos seguiram carreira no movimento, tais como M.R.N. (Movimento em Ritmo Negro) do rapper Nill e o ainda Fresh (Tio Fresh), D.M.N. (Defensores do Movimento Negro), ainda com o rapper Xis e LF na formação, MT Bronks, F.N.R. (Força Negra Radical) grupo o qual Markão II fazia parte antes de entrar no DMN  e Face Negra. Nas letras os grupos usaram temas relacionados com o cotidiano periférico e problemas políticos/sociais. Letras que versam sobre criminalidade, racismo, corrupção e política.

Era época das posses como o Sindicato Negro, Símbolo Negro, os encontros de rappers na Praça Roosevelt. As rodas de break e smurf dance ainda eram uma constante nos bailes do Club da Cidade, ASA de Pinheiros, Sunset Club, Santana Samba, Projeto Radial e outros. Um retrato do começo da década de 90, onde o rap brasileiro estava mais preocupado em conscientizar e informar. Teve a festa de pré-lançamento no salão Santana Samba na Zona Norte de São Paulo, com a presença dos grupos participantes cantando ao vivo.

Destaque para várias músicas. Por exemplo a Nós Somos Negros, do grupo Face Negra, com uma corneta em loop que lembra Don't Believe The Hype do  Public Enemy , mudanças de bases e até voltando o bit ao contrário estilo Beastie Boys na música Paul Revere. Alguns dos scratchs e montagens foram tirados de vinis de rap nacional como o Holocausto Urbano do Racionais Mc´s e Thaíde e Dj Hum. Outro detalhe que chama a atenção são os palavrões que são censurados com um bip, mesmo após anos do final da ditadura. Um disco que com certeza faz parte da história do rap em São Paulo e no Brasil.

Clique aí na capa mano






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