sábado, 22 de março de 2014

DMN, Cada Vez Mais Preto

Defensores do Movimento Negro eis que me refiro ao grupo de rap DMN. Surgidos na COHAB II de Itaquera, na zona leste de São Paulo em 1989.  Teve sua primeira aparição com a música Isso Não Se Faz na coletânea Consciência Black Vol 2.  A rapaziada mandava bem nas letras e ao vivo, com isso conseguiram um contrato com o selo Zimbabwe. Gravaram seu primeiro LP/CD solo (Cada Vez + Preto) em 1993 que foi distribuído pela Continental/Warner Music.

A formação nessa época era  Xis (que assinava X Ato), LF, Elly e DJ Slick, depois saíram Xis e L.F. e entraram Marcão I, Marcão II e Max. As letras em sua maioria falavam sobre racismo e a  situação dos afrodescendentes no contexto geral brasileiro. Mas não deixavam de fora temas como a injustiça social, violência dos bairros periféricos e da polícia. A capa era bem ao estilo rap, um fundo escuro e um jogo de luz nas faces sérias dos rappers. Sobre as bases e a produção,  foram do DJ Slick e o restante do grupo, percebe-se uma pequena influência ali do DJ KL Jay dos Racionais, já que os grupos eram bem próximos.

Esse álbum em minha opinião é mais um clássico do rap nacional. Seguindo os moldes dos álbuns do rap americano. Tem uma introdução interessante, Introduzindo Caos 92 Memória, uma vinheta intitulada  Geral e uma faixa bem montada (um misto de música e vinheta) com o nome de Aformaor!ginalmental e por fim uma faixa de finalização F...Inferno 93. Hoje dificilmente fazem essas liberdades poéticas, mas dava um quê a mais no disco. Falando nisso esse trampo do DMN é uma pedrada sonora. Difícil até escolher alguns destaques, já que faixa a faixa, cada uma tem a sua importância e graça.

De cabeça lembro muito de Já Não Me Espanto e o detalhe de uma voz repetindo ao fundo a palavra, EU, praticamente fazendo parte da batida. Outra é a Como Pode Estar Tudo Bem estilo G-funk  e a positiva Mova-se Prisão Sem Muro com um belo soul/funk sampleado. Em Lei da Rua o refrão tem música incidental de Toni Bizarro, Vai Com Deus, muito bem bolado. Na música Considere-se um Verdadeiro Preto, LF canta bem devagar e talvez por provocação a base usada é uma guitarra de rock.

As levadas dos manos eram mais calmas, sem desespero, meio De La Soul. Tinha também a faixa 4P, onde eles cantam: É quatro P’s (Poder Para o Povo Preto) falam de vários pretos de valor no mundo, como Spike Lee,  Djavan , Pelé, João do Pulo, Jackson Five, Quelé, Bob Marley, Mike Tyson, Jimmy Hendrix, Martin Luther King Jr, Malcolm X, Zumbi e por aí vai...   Atualmente o grupo é formado por Max, Marcão II, DJ Slick e Elly e um dos últimos álbuns nas prateleiras foi o 9 anos depois...o epílogo de 2013.

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