quarta-feira, 26 de março de 2014

O som do Mamelo é maluco, é Mameluco



Mamelo Sound System, taí um grupo underground. E só fera ou como disse uma vez o RZO “quem é é quem não é cabelo avoa”.  Rodrigo Brandão e Lurdez Da Luz, só nessas duas cabezas já se tem um caldeirão de ideias. A caminhada já vem desde 1998 . Rodrigo já trampou como VJ, mas sempre envolvido com o rap de qualidade, principalmente os mais desconhecidos. 

No meio do rap mais “povão” o Mamelo passa incompreendido, meio obscuro, diriam as boas línguas: moderno demais. Nada daqueles versos de ladrão, tiros e balas a esmo (não que eu seja contra). As rimas são mais urbanas, quantas vezes me peguei de fone de ouvido viajando nas rimas e dando um rolê no centro  de sampa. Sei lá parecia às vezes trilha sonora (a faixa Vô q Vô é uma delas),  para os edifícios, pontes, esquinas, grafites, galerias e cannabis sativa na mente...

O CD que o blog dimiliduques posta aqui é o Velha Guarda 22 e foi lançado em 2006 pela gravadora Yb.  A capa é uma pista do que vem, o desenho, um misto de índio/africano em grafite e o nome do grupo em fontes tiradas da pichação. Gosto muito da música Morte e Vida Pequenina, bem intima e com certa melancolia. 

Não sei porque sinto algo Beastie Boys,  Pharcyde, meio Digable Planets permeando o som, mas deve ser impressão nostálgica mesmo. O bate bola da dupla no boom-bap é outro ponto forte, entrosados como Jorge Ben e seu violão. As vezes da para reconhecer referências e fragmentos de rap nacional, como Racionais e Duck Jam/Nação Hip Hop. 

É um trampo sincero, rebelde, conciso, nada de instrumentais comuns. E tem na produção Scott Hizard , que já trabalhou com De La Soul, Jungle Brothers, Brand Nubian e outros. Mas tem também os dedos e mãos de outros parças, como Jorge Du Peixe, Lucio Maia, Dengue,  Gustavo da Lua, Tejo Damasceno, Rica Amabis... 

O flow muitas vezes é daqueles dos primórdios dos anos 90, na batida,  outras vezes tem style próprio (vide a faixa Bença, Balanço e Chumbo Grosso). Som urbano, mas em busca de uma brasilidade perdida em atabaques e batuques que poderiam vir de um Naná Vasconcelos ou de um terreiro de macumba nos confins de um bairro paulistano qualquer.  Sintetizadores, beats e guitarras, couro e metal tecnológico. 

A formação hoje conta com Lurdez Da Luz e Rodrigo Brandão nos vocais, Professor M. Stéreo nas batidas e efeitos e DJ PG nos scratchs. Se ser diferente é uma meta mamelosoundista eles seguem a risca esse contrato cego. Poderia enquadrar algumas de suas letras como poesia concreta ou uma disputa ZAP!. Usando os  versos: Festa, pelo direito de Luta; Luta, pelo direito de festa. Mas é rap, em seu estado híbrido, afro-futurista, roots e contemporâneo ao mesmo tempo. 

Clique na capa e Vem que vem 





http://www.4shared.com/get/0qlFTWYc/mamelo_sound_system_-_velha-gu.html


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