sábado, 15 de março de 2014

Sistema Negro o gangsta brasil em sua raiz




Grande Sistema Negro! Pensa nuns caras gangstas...então. O som do grupo Sistema Negro é essencialmente isso, influência de Ice T,  NWA (Niggers With Atitude), mas com um toque de Public Enemy nas letras. O grupo surgiu no interior de São Paulo, em Campinas final dos anos 80 e se chamava The Bronx Mc’s. A primeira vez que os vi foi de certa maneira inesquecível. Explico, eu cantava num grupo de rap chamado Dimensão Rap e participamos de um festival feito pela equipe Kaskata’s  no Club House em Santo André. Caímos na mesma chave dos manos e lógico que perdemos, lembro até hoje que eles já chegaram arrebentando na abertura com o DJ Master Jay. Mas pelo menos perdemos para uns caras fodas e merecedores. O ano era 1992 e em meio a centenas de grupos inscritos eles ganharam o direito de entrar na coletânea Vozes de Rua vol. 2 com a música Mundo Irracional. Depois disso os caras deslancharam e lançaram cinco álbuns.

Doctor X era um dos integrantes e melhores letristas do Sistema Negro que depois do terceiro trabalho, saiu do grupo e lançou um CD mais puxado para o black charme com o nome artístico de Bene. O Sistema Negro continuou sob a batuta de Eazy Down, Kid Nice e Master Jay e continua até hoje com a adição de novos integrantes. São eles W. Sigillo, Pulman, Gil Kris Kros e Ice Junke. Outro integrante do grupo foi Alex F (falecido em 2008).

O LP que o blog dimiliduques posta é o primeiro e um dos melhores do grupo e porque não do rap nacional. Lançado em 1993 pela  MA Records/Discool Box o play é intitulado de Ponto de Vista.  Já começa bem pelas capas, na simplicidade com poucas cores. Na versão CD a capa é diferente, tem o Master Jay com uma arma em punho, bem a cara do rap radical e gangsta. Depois passa pelas letras falando de diversos problemas como racismo, egocentrismo e do cotidiano violento das periferias. Os instrumentais são muito bem feitos, samplers, scratchs e colagens escolhidas a dedo pelo produtor DJ Raffa. DJ esse já escolado no estilo, desde que foi membro dos grupos de rap de Brasília, Os Magrellos e depois  Baseado nas Ruas, o caldo combinou com o estilo de cantar e as letras da rapaziada campineira. 

Meu destaque vai para as músicas Nossos Inimigos, Mensagem Para Otários (daquele famoso sampler de Isaac Hayes usado também pelo grupo CMW-Compton Most Wanted). Também as faixas Ponto de Vista (preste atenção na intro dessa música) e Racismo Banal (tema mais que atual nesse 2014, depois que os jogadores Tinga e Arouca foram vítimas de preconceito racial). Mas para falar a verdade o disco todo é legal com letras para refletir e produção para prestar atenção nos detalhes. 

Clique na capa e sinta o peso

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