sábado, 9 de agosto de 2014

Pavilhão 9 em primeiro grande ato



Como se fosse hoje me lembro do lançamento do disco do Pavilhão 9 intitulado 1º Ato. Imagine que o lançamento foi num salão em pleno bairro nobre dos Jardins, Zona Sul de São Paulo.  Aquele inicio dos anos 90 iria marcar e ano de 1992,  o pré-lançamento do P9 também. Fui convidado juntamente com meus manos do grupo de rap RDS (Reorganização do Sistema) para prestigiar. Chegando ao endereço um pessoal diferente, com roupas bem diversas da nossa (provavelmente eles estavam pensando o mesmo de nós...). Na entrada um cara estilo roqueiro com jaqueta de couro preto, cabeça raspada, olhos claros, vendia uns bottons. Em meio aos souvenirs reparei um da suástica nazista, ih vai dá merda.  Entre os manos que ali estavam muitos faziam parte do movimento negro e quase o tempo fechou. O cara só escapou porque deu uma de “jão” e afirmou desconhecer o significado daquilo. “Pensou que era da guerra? Pá cima de nóis? Se joga!” assim educadamente ele foi convidado a sair da nossa vista. 

Beleza e aí o Pavilhão Nove chegou? Os seguranças responderam que sim, mas que não poderíamos entrar, o porquê? Estávamos com bonés e tênis e ali naquele ambiente só poderiam entrar com outros trajes. Que cilada! Começou um burburinho e juntou muita gente ali na entrada, a confusão era latente. Mas algum representante do grupo veio falar com a gente (empresário?). Mas enfim “Maomé veio até a montanha” e os integrantes do Pavilhão 9 vendo a situação, resolveram da seguinte forma: Subiram no teto de um opala e cantaram a capela as músicas do disco (todo mundo marcando o compasso com a palma da mão). Não sem antes trocar uma ideia, jogar algumas capas para quem as pegasse e sair com um vinil novinho. Todo mundo abraçou e no fim fomos embora, nem sei se os caras fizeram o show pros playboys, devem ter feito.

O disco foi polêmico, entre as faixas saíram; Calibre 12”, Manos Errados e quatro versões para Otários Fardados. Isso acabou gerando várias ameaças de morte ao grupo, que depois começou a se apresentar com capuzes e mascaras. O selo independente era a Radical Ltda Produções Artísticas e a produção foi do DJ Marcello e P9. Boa sacada colocar os lados dos disco como Lado Certo (A) e Lado Errado (B). O grupo foi formado no Grajaú, São Paulo, em 1990. E tinha nessa época como integrantes Dj Branco, Piveti, Rho$$i e Camburão. O grupo virou banda, misturou hard core/rock/punk com rap e fez muito sucesso (o ápice no Rock in Rio em 2001). Lançaram nesse formato os álbuns Cadeia Nacional (1997), Se Deus Vier que Venha Armado (1999), Reação (2001) e Público Alvo (2004). 

Piveti saiu do grupo um ano depois, entrando em seu lugar o vocal Doze. Camburão e Branco ainda participaram da gravação do ótimo Procurados Vivos ou Mortos de 1994. Camburão teve problemas com drogas e acabou afastado, mas com sua voz grave lançou o solo “Brasil, país do crack (2001)” se apresentava como Camburão e Arsenal. Piveti acabou sendo preso e dizem que sofreu um bocado quando reconhecido como o rapper que compôs Otários Fardados. Já em liberdade lançou em 1994 o seu álbum solo, muito elogiado na época, produzido por Edu-K e intitulado de Ex-Detento. Branco também se lançou como MC ao lado de Piveti como dupla lançaram dois trabalhos, Elos da Vida (1998) e A Última Gota (2004). Branco recentemente lançou o CD Quanto Mais Branco, Mais Preto (2013). Há também os solos do ex-vocalista Rhossi, Primeira Prova (2008) e A Hora É Agora (2013). 


Não dê uma de mano errado, clique na capa.

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