sexta-feira, 6 de março de 2015

Se Soul é alma em inglês, esse tem a do Tim Maia

O pernambucano Carlos José da Silva nasceu em 1958 e veio para São Paulo no início da década de 70. Ainda não cantava e em suas lembranças a dica do destino, um primeiro contato com um LP do Tim Maia na casa do seu irmão. Nessa época já havia a semelhança física, o corpanzil e o cabelo black power. A admiração começou e cresceu conforme o passar dos anos. Mas foi em 1998 com morte do ídolo que Carlos se converteu a Charles Maia, o mais requisitado e ativo cover do cantor Tim Maia. No começo ele apenas dublava e nesse ano venceu um concurso de sósias de celebridades num programa do Celso Portiolli no SBT. 

Depois decidiu que iria aprender a cantar ou no mínimo imitar o timbre de Tim Maia. E deu tão certo que ele abandonou o boteco que mantinha para seguir essa carreira. Carlos que já foi office-boy, ajudante de serralheiro, ajudante de cozinha, hoje tem a profissão, com muito orgulho, de cantor. Em meados dos anos 2000 as coisas começaram a andar e as apresentações em vários programas de TV eram uma constante. Foi marcante sua apresentação no programa Domingão do Faustão, da rede Globo, em 2003, tanto foi que o apresentador o deixou muitos minutos no ar. Em 2007 mais uma oportunidade global, ao interpretar o ídolo na série musical Por Toda Minha Vida.

E hoje em dia ele é convidado para vários eventos e cantar os sucessos de Tim Maia. E faz isso com muita propriedade, já que além de parecer fisicamente com Tim Maia, ele pegou a maneira de cantar e os trejeitos de palco dele. Isso foi fruto, segundo ele próprio, de um laboratório, onde leu revistas, entrevistas, assistiu vídeos e tudo que relacionava ao síndico (alcunha a qual Tim  também era conhecido,  apelidado pelo amigo Jorge Ben) . E em 2011 chegou a fazer um show em Manaus com a própria banda que acompanhou seu ídolo, a Vitória Regia.

A carreira progrediu e ele gravou um CD de inéditas com algumas regravações. E a ironia é que em nenhuma faixa é regravação do ídolo Tim Maia, isso se deu por várias razões. Desde liberação das músicas até o fato de tentar fazer um trabalho ético e diferente,  destoando de críticas do tipo “mais um imitador ou aproveitador”.  As únicas “homenagens” percebidas além do sobrenome Maia, se deram nas faixas Tião Carioca (Nenê da Timba/Junior)  e a faixa título do CD, a Não Dei Motivo (Dom Mita/Leo Machado)que tem incidência em Me Dê Motivo. De resto tem o timbre de voz e os arranjos que ficaram mais para o Tim  romântico da década de oitenta, quando emplacou os megassucessos da dupla de compositores Michael Sulivan e  Paulo Massadas. 

O trabalho saiu em meados de 2003 pela Warlock Records / TNT Records. Traz no repertório pérolas como A Cruz do músico/cantor Carlos Dafé , que foi tecladista do Tim Maia por um tempo. Tem também a bela Nesse Inverno sucesso setentista na voz de Tony Bizarro.  E a regravação de Nada Mais, sucesso do conjunto Golden Boys. Já a música Eu e Ela (adaptação de Ndee Naldinho) não é aquela do Dudu França e sim uma versão abrasileirada de Tell Me If You Still Care da americana The SOS Band e conta com a participação do próprio rapper. Mas tem muitas faixas legais como por exemplo a Olhe Pro Céu  (composição de Wagner Russo, essa também conheço uma versão com o grupo Juventude S/A). Outro detalhe é que boa parte das músicas traz como compositores a dupla Nene da Timba e Junior, integrantes do Grupo Cravo e Canela.


Outros covers conhecidos são Ricardo Maia (este bem parecido fisicamente) e o cantor Luiz Camilo, que se apresentam calcados no repertório Maia. Recentemente quem fez esse papel “cover”, foram os atores Thiago Abravanel e Babu Santana, que cantaram e interpretaram, respectivamente no teatro e cinema. É isso, o blog dimiliduques deixa pra vocês um trabalho simples, de um batalhador da música, Charles Maia. 

Agradecimentos ao Black Farias que cedeu essa pérola.

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