segunda-feira, 11 de julho de 2016

Rap suave e jazzístico do trio Digable Planets

O trio Digable Planets, surgiu na Philadelphia (depois eles se mudariam para o Brooklyn NY) em 1991, Mary Ann “Ladybug Mecca” , Ishmael “Butterfly” Buttler e Craig “Doodlebug” Irving faziam um hip hop alternativo com fusão no jazz.  Em 1993 eles lançaram o single de Rebirth of Slick (Cool Like Dat) que sairia depois no CD Reachin (A New Refutation of Time and Space)  pela gravadora Warner pelo selo Pendulum.  A musica foi sucesso imediato e ficou em 15º lugar na Billboard. E é esse trampo que o dimiliduques deixa pra vocês. Um rap cheio de referencias psicodélicas nas letras, consciência política, afro descendência, viagens abstratas e poesia. A levada era simplista e calma, mas dava todo um estilo descolado para o grupo. A Ladybug Mecca era uma gata, quer dizer na época eu sonhava com essa mina. O detalhe é que em seu sobrenome tinha o Vieira, já que ela é filha de dois músicos de jazz brasileiros (mãe cantora e pai instrumentista), ela foi criada nos EUA. O som do Digable chegava a ser elegante, continha pitadas de Cool Jazz e soul em seu universo musical. Depois do lançamento do primeiro trabalho, eles começaram a se apresentar/experimentar ao vivo com uma banda, com direito em algumas ocasiões a violoncelo, sax, trompete, bateria, contrabaixo, guitarra, ecos nas vozes, teclados e percussão.
Apesar de não serem os pioneiros nessa fusão, pois isso foi primeiramente experimentado por Gill Scott Heron e The Last Poets nos anos 70, depois a banda Cargo fez o single Jazz Rap em 1985 e um dos que mais adentraram no estilo foram Guru e seu grupo Gang Starr. O Digable Planets veio no inicio de 90 mas de maneira inovadora fez um jazz rap suave que teve uma legião de fãs e influenciou muita gente.  Ganharam um Grammy e foram sucesso de crítica. Seus samplers continham trechos de artistas diversos tanto como The Gap Band, Earth, Wind and Fire, James Brown,  KC and The Sunshine Band como The Modern Jazz Quartet, Herbie Hancock, Art Blakey, Curtis Manfield e Sonny Rollins.  Foi por essa época que o jazz entrou de vez na paleta musical do DJs e produtores. Assim gotas jazzísticas musicais foram espalhadas nos discos de rap alternativo;  Nas, Common, De La Soul, Arrested Development,  A Tribe Called , The Roots, The Fugees, Pharcyde... Aqui no Brasil essa influência poderia ser ouvida em pitadas no grupo Mzuri Sana, Slim e Kamau.

Em 1994 eles lançara o segundo álbum elogiado por  muitos, intitulado Blowout Comb pela Pendulum/EMI, um álbum mais musical, que usou mais instrumentos de verdade e uma banda de jazz. Nesse álbum os vocais estão ainda mais suaves, altura mínima de maneira que a voz não se sobressaísse sobre os instrumentos. E também é um disco em que falam mais sobre cultura urbana, negritude e origens negras.  Em 1995 o grupo se separa por “diferenças criativas” após um hiato de 10 anos em 2005 eles se reuniram para lançar a coletânea com remixes, lados B em Beyond the Spectrum: The Creamy Spy Chronicles.  Essa reunião durou até 2011. Depois disso seus membros partiram para trabalhos solos e participações, mas continuam indiretamente envolvidos com musica até hoje.  Buttler  colaborou com o multi-instrumentista Tendai Baba Maraire na união conhecida como Shabazz Palaces. Ele lançou também os discos Black Up (2011) e Leje Majesty (2014) ambos pelo selo SubPop. Irving também gravou dois álbuns como Cee Knowledge & Cosmic Funk Oschestra,  independentes e de tiragem limitada pela Heaven and Earth Recordings em 2000. Já Ladybug Mecca lançou em 2005 o álbum Trip the Light Fantastic pela Nu Paradigm, e teve participações: no trabalho da Sony sobre Billy Holiday (Remixed and Reimagined), com Dj Moe Choi, com Del tha Funkee Homosapien e até em um projeto de dublagem da personagem Tracey Triceratops num CD para crianças, continua se apresentando como DJ Lady Mecca.

Clique na capa e diga, que bom planetas!








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