quinta-feira, 7 de julho de 2016

Rita Lee roqueira e pop

Eu como fã de black music/soul/samba nascido na periferia de São Paulo nem dava muito atenção a chamada “rainha do rock”, o movimento rock Brasil chegou em mim aos pingos. Meus primos e alguns amigos consumiam tudo sobre, pois eram fãs ardorosos do movimento que teve seu auge na década de 80. Obviamente como amante de música acabei escutando várias fitas, vinis e também no rádio e TV. E detalhe ganhei da minha mãe uma blusa azul royal com o desenho em verde limão escrito Blitz Rodioatividade.

Vamos falar de Rita Lee Jones, dispensa apresentações, também uma artista que fez parte da lendária banda Mutantes, foi envolvida indiretamente com o tropicalismo, lançou 32 álbuns e que vendeu “só” 55 milhões de discos na carreira solo... Tempos depois, escutando alguns de seus discos, entende-se a linguagem pop rock em que ela se inseriu. Coisa feita com esmero, alguns  podem até não gostar,  achar brincalhão demais ou sem conteúdo social / político, mas era isso mesmo, desbunde, esculacho, curtição e entretenimento. O lado mais sério da Rita aparecia quando ela falava para o sexo feminino em letras como Cor de Rosa Shock, Menopower, Elvira Pagã, Luz Del Fuego, Doce Pimenta, Todas As Mulheres do Mundo, Pagu ou espetava a censura da época com a linguagem das ruas ou mandava recados malcriados aos “amigos” da MPB.

 Via-se claramente que o negócio ali era puramente alma musical. Aí pergunto e a revolta/rebeldia, contracultura? Então...a partir do momento que você anda por uma estrada diferente daquela traçada pelo medalhões da MPB da década de 70 (Gil, Caetano, Chico Buarque etc..) você já esta se rebelando contra algo, e tinha a trilha rock and roll para dar um toque juvenil na parada.
Vamos falar musicalmente, o blog dimiliduques põe a disposição o LP de Rita Lee - 1979, gravado pela Som Livre. Uma pérola do pop! Aqui a músicalidade de Rita Lee se encaixou com a de Roberto de Carvalho, literalmente.

Um ano antes o LP Babilônia já prenunciava potencialidade para o sucesso e se desvencilhava aos poucos dos músicos que a acompanhavam da banda Tutti Frutti (exceto R. de Carvalho) para abrir espaço para a formação da banda Cães e Gatos .

Mas o LP de 1979 era a volta da Ovelha Negra ou algo do tipo, já que Rita teria que provar que Babilônia poderia ser superado em suas 150 mil cópias e que suas composições poderiam cair no gosto do público. E assim sucedeu um repertório com algumas baladas como Mania de Você (Rita Lee/Roberto de Carvalho) e Doce Vampiro (Rita Lee) ou pop rocks ligeiros como Papai Me Empresta o Carro (Rita Lee/Roberto de Carvalho) e uma faixa com pitadas de disco music Chega Mais (Rita Lee/Roberto de Carvalho). Detalhe, na música Arrombou a Festa II (Paulo Coelho/Rita Lee) a dupla de autores deu continuidade a letra de 1976, destilando suas farpas de maneira direta e escrachada para a Música Popular Brasileira e afins.  E deu no que deu, vendeu 160 mil em dois meses e ao longo do ano 500 mil cópias.

A produção ficou a cargo de Guto Graça Melo e no time de músicos: Rita Lee (vocal, flauta de vara, violão ovation, percussão), Roberto de Carvalho (vocal, guitarra, violão ovation, teclados, piano elétrico), Sergi Dias Baptista (violão 12 cordas), Naila Skorpio (percussão, kalimba), Guto Graça Melo (percussão), Esdra Nenen Ferreira (apito), Ariovaldo Contesini (congas), Lee Marcucci (baixo elétrico), Edmundo Maciel (trombone),  Netinho (clarineta), Aurino Oliveira (sax barítono), Zé Bodega (saxofone), Hamilton Pereira Cruz e Marcio Montarroyos (trompete), Jamil Joanes (baixo), Lincoln Olivetti (baixo Synth, Oberheim, Piano Yamaha, piano elétrico), Robson Jorge (guitarra), Picolé (bateria, ro-ton-ton)  e o coral luxuoso de Claudia Telles, Jane Duboc e Sônia Burnier.. A fotografia foi de Luiz Garrido e a capa teve a direção de arte de Hanns Doner.

Nada melhor do que não fazer nada é clicar na capa








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