sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Intuitivamente pagodeando

O grupo Intuição foi fundado em 1996 numa junção de pagodeiros da capital, do ABC (Diadema) e do interior de São Paulo (Presidente Epitácio e Presidente Prudente). O grupo se apresentava como grupo mistura e Cor, porém esse nome já estava sendo usado e na procura de um nome um dos integrantes disse para se usar a intuição, pronto estava batizado o novo grupo.

Eles eram figurinhas carimbadas nas rodas e nos palcos de pagode, principalmente em São Paulo.  E nessas apresentações, muitas vezes culminava com a abertura de shows de grupos já firmados na cena como Art Popular, Katinguelê, Exaltasamba, Negritude Jr. Isso era uma enorme responsabilidade, mas indiretamente dava um fôlego e maior experiência para um grupo iniciante. Era meio que uma prova de fogo em que eles passaram e conquistaram seu espaço musical, com elogios do publico e outros frequentadores da noite paulistana.

Mesmo contando com onze componentes, havia uma vantagem; é que os músicos de banda (contra baixo/bateria/teclados/percussão geral) eram integrantes, não havendo necessidade de contratar freelances, o que muitas vezes causa um desgaste se não tiver a devida organização administrativa. Falo isso por ter feito parte de um grupo e por experiência própria posso afirmar, correr atrás, marcar shows, cuidar de cachê, local de ensaio, contratar banda e outros detalhes burocráticos, tem que ser feito por alguém de fora, pois sobrecarrega qualquer um que tente ser músico e ao mesmo tempo empresário ou uma espécie faz tudo.

E nessa parte o grupo Intuição parecia ter vivido uma das melhores fase em 1997, quando estavam nas mãos de Marcelo Pedroso e Riverte Santos. Quem curtia os pagodes na noite poderia encontrar eles nas melhores casas do ramo, como: Mistura Brasileira, Choperia Polo North, Alpendre, Consulado da Cerveja, Caipilona, Birinight etc... A exposição teve um resultado positivo e essa agenda aumentou mais quando no ano seguinte aconteceu o lançamento do CD nas lojas e a música Amor Que Eu Nunca Vi  rolando nas rádios. O trabalho de divulgação aumentava o leque de aparições do grupo em programas de TV como Flash de Amauri Jr. e  Programa Raul Gil.

O blog dimiliduques deixa para vocês o 1º trabalho, intitulado Doce Sabor, lançado em 1998 pela Zimbabwe Records / RDS. O grupo tinha a seguinte formação: Alaim (baixo), Marcos Mortão (pandeiro e voz), Renatinho (cavaco e voz), Fabio Tchê (violão), Anderson (voz), Junior (percussão), Roquinho (percussão), Julio (teclados) e Jeferson (banjo, percussão e voz). O trabalho foi gravado no Rio de Janeiro (estúdios Impressão Digital e Chorus) e produzido por um dos “magos” do pagode 90, Bira Haway. No cast de músicos participantes na gravação temos: Evaldo Santos (arranjos e teclados), Prateado (contra baixo), Paulão (violão), Camilo Mariano (bateria), Alceu Maia(cavaco) , Marcelo Lombardo (banjo), Pirulito (surdo), Leandro Sapucahy (tamborim, jimbrau, timbau, pandeiro, ganza e assistente de produção), Laizy Sapucahy (tumba e tamborim), Marcos Vinicius Bigode (tantan), Bira Haway (tamborim), Eliana, Elizeth, Elianeth, Eliete, Antonio Cunha e Moisés Costa (coro).

Destaco as faixas:  Amor Que Eu Nunca Vi (Delcio Luis/Carlito Cavalcanti), que foi o carro chefe do disco, um arranjo bem legal onde na introdução um baixo brinca e o comecinho vem um cavaquinho, sons de teclados dando um clima para o vocal Marcos Mortão deslizar numa bela interpretação.

Amor Selvagem (Edu/Mito) muito legal a melodia dessa música com dissonantes indo e voltando, com um refrão pra cima bem ao estilo do compositor Mito integrante dos grupos Toke Divinal e depois Refla.

Sabor Hortelã (Luis Claudio Picolé/Marcio Paiva) é um pouco mais balançada, repare quando acontece um crescente da metade para frente e rola um breque, refrão alegre, bom tocou no rádio e foi sucesso.

De Novo a Festa (Arlindo Cruz/Sombrinha) essa foi regravada num tom diferente em 2003 com o nome Um Sim Pra Quem Te Gosta no disco Pagode do Arlindo Ao Vivo de Arlindo Cruz.

Paixão que Me Faz Viver (Arlindo Cruz/Marquinho PQD), pegada mais astral, a composição tem toda a poesia de PQD e a harmonia sempre certeira de Arlindo.

A Sacolejo é um partidinho peculiar do pagode noventa, com um andamento mais cadenciado que os partidos da antiga, essa é legal porque ficou ali no meio, nem muito rápida e nem devagar.


Enfim um trabalho equilibrado, simples na sua concepção, mas bem produzido em se tratando do primeiro solo de um grupo. Só a capa que achei um pouco estranha a primeira vista, é que Jayme Ribeiro fez a capa digitalmente e ficou datada com os recursos tecnológicos daqueles anos 90, muito brilho, colagens e montagens. Tive a percepção de que a viagem na criação foi; uma pessoa “pensando” em letras, poesias e usando a Intuição. 

Eles ainda lançariam em 2000 o CD Caixa Postal mudando a nomenclatura para Yntuição, produzido por outro craque pagodeiro, o contra baixista Wilson Prateado. Em 2001 participaram da coletânea Melhores do Ano idealizada por Pelé Problema, com a música Desengano ao lado de Royce do Cavaco. Em meados de 2003 o grupo parou suas atividades por problemas internos. O vocalista Anderson , o cavaquinhista Renatinho e o pandeirista JR montaram outro grupo e continuaram usando o nome Intuição no estado do Rio Grande do Sul chegando a gravar em 2006 o trabalho Ao Vivo -Tempo de Amar. Agora em agosto de 2016 o grupo Intuição esta retomando a carreira com o vocalista Marcos Mortão (agora com o nome Max), Dave (vocal), Niki (pandeiro), Fabio Tchê (violão) e Rodrigo Gigio (cavaco), o EP esta intitulado de O Couro Vai Comer.

Clique na capa vai que vai...




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