O
grupo Intuição foi fundado em 1996 numa junção de pagodeiros da capital, do ABC
(Diadema) e do interior de São Paulo (Presidente Epitácio e Presidente
Prudente). O grupo se apresentava como grupo mistura e Cor, porém esse nome já
estava sendo usado e na procura de um nome um dos integrantes disse para se
usar a intuição, pronto estava batizado o novo grupo.
Eles
eram figurinhas carimbadas nas rodas e nos palcos de pagode, principalmente em
São Paulo. E nessas apresentações,
muitas vezes culminava com a abertura de shows de grupos já firmados na cena
como Art Popular, Katinguelê, Exaltasamba, Negritude Jr. Isso era uma enorme
responsabilidade, mas indiretamente dava um fôlego e maior experiência para um
grupo iniciante. Era meio que uma prova de fogo em que eles passaram e
conquistaram seu espaço musical, com elogios do publico e outros frequentadores
da noite paulistana.
Mesmo
contando com onze componentes, havia uma vantagem; é que os músicos de banda
(contra baixo/bateria/teclados/percussão geral) eram integrantes, não havendo
necessidade de contratar freelances,
o que muitas vezes causa um desgaste se não tiver a devida organização
administrativa. Falo isso por ter feito parte de um grupo e por experiência
própria posso afirmar, correr atrás, marcar shows, cuidar de cachê, local de
ensaio, contratar banda e outros detalhes burocráticos, tem que ser feito por
alguém de fora, pois sobrecarrega qualquer um que tente ser músico e ao mesmo
tempo empresário ou uma espécie faz tudo.
E
nessa parte o grupo Intuição parecia ter vivido uma das melhores fase em 1997,
quando estavam nas mãos de Marcelo Pedroso e Riverte Santos. Quem curtia os
pagodes na noite poderia encontrar eles nas melhores casas do ramo, como:
Mistura Brasileira, Choperia Polo North, Alpendre, Consulado da Cerveja, Caipilona,
Birinight etc... A exposição teve um resultado positivo e essa agenda aumentou
mais quando no ano seguinte aconteceu o lançamento do CD nas lojas e a música
Amor Que Eu Nunca Vi rolando nas rádios.
O trabalho de divulgação aumentava o leque de aparições do grupo em programas
de TV como Flash de Amauri Jr. e
Programa Raul Gil.
O
blog dimiliduques deixa para vocês o 1º trabalho, intitulado Doce Sabor,
lançado em 1998 pela Zimbabwe Records / RDS. O grupo tinha a seguinte formação:
Alaim (baixo), Marcos Mortão (pandeiro e voz), Renatinho (cavaco e voz), Fabio
Tchê (violão), Anderson (voz), Junior (percussão), Roquinho (percussão), Julio
(teclados) e Jeferson (banjo, percussão e voz). O trabalho foi gravado no Rio de
Janeiro (estúdios Impressão Digital e Chorus) e produzido por um dos “magos” do pagode 90, Bira Haway. No cast de
músicos participantes na gravação temos: Evaldo Santos (arranjos e teclados),
Prateado (contra baixo), Paulão (violão), Camilo Mariano (bateria), Alceu
Maia(cavaco) , Marcelo Lombardo (banjo), Pirulito (surdo), Leandro Sapucahy
(tamborim, jimbrau, timbau, pandeiro, ganza e assistente de produção), Laizy Sapucahy
(tumba e tamborim), Marcos Vinicius Bigode (tantan), Bira Haway (tamborim),
Eliana, Elizeth, Elianeth, Eliete, Antonio Cunha e Moisés Costa (coro).
Destaco as
faixas: Amor Que Eu Nunca Vi (Delcio
Luis/Carlito Cavalcanti), que foi o carro chefe do disco, um arranjo bem legal
onde na introdução um baixo brinca e o comecinho vem um cavaquinho, sons de
teclados dando um clima para o vocal Marcos Mortão deslizar numa bela interpretação.
Amor
Selvagem (Edu/Mito) muito legal a melodia dessa música com dissonantes indo e
voltando, com um refrão pra cima bem ao estilo do compositor Mito integrante
dos grupos Toke Divinal e depois Refla.
Sabor
Hortelã (Luis Claudio Picolé/Marcio Paiva) é um pouco mais balançada, repare
quando acontece um crescente da metade para frente e rola um breque, refrão
alegre, bom tocou no rádio e foi sucesso.
De Novo a
Festa (Arlindo Cruz/Sombrinha) essa foi regravada num tom diferente em 2003 com
o nome Um Sim Pra Quem Te Gosta no disco Pagode do Arlindo Ao Vivo de Arlindo
Cruz.
Paixão que
Me Faz Viver (Arlindo Cruz/Marquinho PQD), pegada mais astral, a composição tem
toda a poesia de PQD e a harmonia sempre certeira de Arlindo.
A Sacolejo
é um partidinho peculiar do pagode noventa, com um andamento mais cadenciado
que os partidos da antiga, essa é legal porque ficou ali no meio, nem muito
rápida e nem devagar.
Enfim um trabalho equilibrado, simples na sua
concepção, mas bem produzido em se tratando do primeiro solo de um grupo. Só a
capa que achei um pouco estranha a primeira vista, é que Jayme Ribeiro fez a
capa digitalmente e ficou datada com os recursos tecnológicos daqueles anos 90,
muito brilho, colagens e montagens. Tive a percepção de que a viagem na criação
foi; uma pessoa “pensando” em letras, poesias e usando a Intuição.
Eles ainda
lançariam em 2000 o CD Caixa Postal mudando a nomenclatura para Yntuição, produzido
por outro craque pagodeiro, o contra baixista Wilson Prateado. Em 2001
participaram da coletânea Melhores do Ano idealizada por Pelé Problema, com a
música Desengano ao lado de Royce do Cavaco. Em meados de 2003 o grupo parou
suas atividades por problemas internos. O vocalista Anderson , o cavaquinhista
Renatinho e o pandeirista JR montaram outro grupo e continuaram usando o nome
Intuição no estado do Rio Grande do Sul chegando a gravar em 2006 o trabalho Ao
Vivo -Tempo de Amar. Agora em agosto de 2016 o grupo Intuição esta retomando a
carreira com o vocalista Marcos Mortão (agora com o nome Max), Dave (vocal),
Niki (pandeiro), Fabio Tchê (violão) e Rodrigo Gigio (cavaco), o EP esta
intitulado de O Couro Vai Comer.
Clique na capa vai que vai...
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