Quando
se fala de forrógode pode ser que tudo não passou de uma moda passageira, mas
na verdade tem muito mais por trás. A confluência entre os ritmos passa por
suas origens europeias e africanas e desagua no Brasil, numa música do povo. No
livro Partido Alto de Nei Lopes, li que essa influência do forró no samba veio
com os migrantes nordestinos para os morros e favelas do Rio de Janeiro. Numa
época em que a população ainda se formava em aglomerações populacionais, por
volta da década de 40. Anteriormente já havia muitos nordestinos que vieram na
explosão demográfica na década de 20 quando o Rio de Janeiro era capital do
Brasil,e por aqui fixaram residência.
Um
dos locais mais frequentados era a área central e dos portos na cidade do Rio
de Janeiro, onde negros , nordestinos, marinheiros, estivadores conviviam. E a
música muitas vezes refletia essa mistura, imagino a cena onde um vizinho, um
amigo nordestino com sua sanfona e um sambista com seu pandeiro ou tamborim
versavam e faziam música de improviso. No que se diz respeito aos versos de
improviso, importante notar que na cultura nordestina tinha além do forró,
xote, xaxado, lundu, baião, os ritmos coco e embolada que eram fortemente calcados em
versos criados na hora.
Um
dos grandes da música nordestina, Luiz Gonzaga tinha alguns laços no morro de
São Carlos no Rio, seu filho Gonzaguinha foi criado lá. Outros artistas na
década de 50 deram continuidade a veia nordestina foram Dominguinhos que tempos
depois participou de discos de muitos sambistas. E Jackson do Pandeiro, que só
de carregar pandeiro no nome artístico os sambistas ficaram de olho, e volta e
meia Jackson é lembrado em regravações e citações em letras de sambas.
A
mistura se dá na métrica, na divisão rítmica , nos temas das letras e
principalmente na incorporação dos instrumentos como a sanfona, o triângulo e zabumba misturados com surdo, tamborim, cavaco, já o
pandeiro é um instrumento comum aos dois ritmos.
O
termo forrogode é recente, da década de 80 e um dos primeiros a usar o nome e a
gravar um trabalho mais voltado ao estilo que misturava samba e forró foi o
cantor carioca Elson do Forrogode em 1987 com o lançamento do LP intitulado
Forrogode. O próprio diz que a palavra forrogode foi sua criação e a ideia
surgiu em suas andanças pelo Brasil e pelo fato de gostar muito dos dois ritmos.
Mas podemos também considerar o coco uma das primeiras manifestações que tinham
como influencia o samba e o forró, o próprio Bezerra da Silva antes de ser
sambista, gravou os seus dois primeiros discos; o Rei do Coco I e II. O certo é
que nos anos 80 muitos sambistas/pagodeiros em seus trabalhos solos colocavam
um forró com pegada de pagode. Mas antes já tinha sambista fazendo essa
mistura, é o caso de Tião Motorista em 1977 com a música Beira Rio e Clara
Nunes gravou de Sivuca o forró Feira de Mangaio em 1978. O
dimiliduques faz uma..uma não! duas! coletâneas de algumas dessas músicas, para ilustrar um
pouco mais a conversa.
Clique nas capas e Muito forró e muito samba...para todos...for all!
Abaixo as musicas do volume 1
Abaixo as musicas do volume 2
Nenhum comentário:
Postar um comentário