sábado, 22 de abril de 2017

Marcando um ponto de encontro no pagode

O grupo Ponto de Encontro teve seu embrião no Grupo Miscigenação formado em 1986 em São Paulo capital (foi em 1987 que mudaram de nome). E conforme a repercussão dos pagodes, eles desciam a serra para se apresentar em Santos no Bar Betos Magazine e também no interior. Segundo Valtinho Tato, um dos fundadores do grupo, o nome Ponto de Encontro foi escolhido no Bodegas Bar na Bela Vista onde era um “ponto de encontro” da rapaziada e assim ficou batizado.

Mas em sampa fincaram sua raiz, se apresentando nas casas de shows; Sambaraylove, Bodega´s Bar, Brasileirinho, Clube House, Canoa Quebrada, Botecão/Balancê, Só Pra Contrariar, Bar Avenida, JB Sambar e outros. Locais esses que ficaram para a história e no imaginário do povo do samba e pagode paulista.

Acompanhavam como banda de apoio muitos artistas de renome que vinham na terra da garoa fazer apresentações, tais como Jovelina Perola Negra, Pedrinho da Flor, Dona Ivone Lara, Reinaldo, Sombrinha, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e outros. Naquela época de vacas magras nem sempre os artistas do Rio de Janeiro conseguiam grana para pagar hotel, avião e outras despesas para uma banda inteira, então a melhor maneira era contratar e contar com o talento da rapaziada que já estava por aqui na noitada.

Um dos shows mais lotados que o grupo se apresentou foi no Palmeiras e tocaram no mesmo dia de ... Leandro e Leonardo. Mas fizeram outras apresentações marcantes como em 1989 na quadra da Rosas de Ouro com Biro do Cavaco e Almir Guineto, em 1990 na quadra da Mocidade Alegre com Jovelina e Zeca Pagodinho. Em 1990 no Bodegas Bar com Fundo de Quintal foi muito marcante, já que foi nesse dia que o Fundo batizou o grupo tornando-se padrinhos musicais oficiais. E até numa turnê por Cuba e Caribe o grupo se apresentou na década de 90.

A primeira chance de gravar surgiu em 1991 no LP do grupo Mistura Fina e seus convidados, aliás bem diferente um grupo lançar um disco e dar espaço chamando outros de convidados, nesse caso o cantor João Pedro e o Grupo Ponto de Encontro. A amizade entre eles e a influencia de Jorge Hamilton pesou nessa decisão. No LP a produção foi do Maestro Jobam e o Ponto de Encontro gravou as faixas Toque Divinal (Sereno/Adilson Victor) e Imagem (Marquinho PQD/Adilson Bispo/Chiquinho), essa última cantada lindamente por Valtinho e declamação do poema pelo integrante Benê, a música fez um tremendo sucesso.

Em 1994 o grupo lançou seu trabalho solo pela gravadora Five Star/Chic Show. Um disco muito bem feito com produção de Jorge Cardoso. Na lista de músicos temos muitos talentos, tais como: Mario Testone (teclados), Edmilson Capelupi (violão), Ocimar (baixo) Chiquinho dos Santos (cavaco), Leandro Lehart (banjo), Jorge Gomes (bateria), Gordinho (surdo), Benê (tantanzinho e pandeiro), Valtinho (repique e pandeiro), Marcos Alcides (percussão geral) e por fim Jairo, Neyla e Jorge Cardoso (coral).

O disco é maravilhoso, destaco as músicas Disfarce (Chiquinho dos Santos) – uma dolente de primeira qualidade, Mais Que Um Beijo (Chiquinho dos Santos) – que tem uma boa cadência e chama a atenção pelo início dissonante, Dona do Meu Amor (Leandro Lehart) – que tem um ritmo estilo na levada do agogô no refrão  e o partido alto Roda de Amigos (Chiquinho dos Santos/Claudinho de Oliveira).  Tem também a bela Limites (Chiquinho dos Santos/ Valtinho J) e a faixa Eu e Você (Jorge Cardoso/Lourenço) que tem a participação de Neyla (in memorian) que fazia backing vocal nos shows da Alcione.

Nas várias formações, o grupo teve a passagem de muitos bons músicos: Kiko (ainda no Miscigenação), depois como Ponto de Encontro efetivamente: Primeira formação: Pelé Problema no tantanzinho, Gilson pandeiro, Alemão violão, Ronaldo Luiz no cavaco, Silvinho do reco, Silvio Menudo do tantan e Valtinho repique. Segunda formação: Preá do Pandeiro, Alemão no banjo, Moreira do cavaco, Pelezinho no violão,  Benê no Tantan, Silvinho do reco e Valtinho no repique. Terceira formação; Feijão pandeiro, Alemão do banjo, Benê tantan, Leandro Lehart no violão, Moreirinha no cavaco e Valtinho no repique. Quarta formação; Feijão pandeiro, Alemão do banjo, Tikinho do violão, Chiquinho dos Santos cavaco, Benê tantan e Valtinho repique. Como banda de apoio já passaram na bateria Kinho, Ademir Batera e Rick Batera, nos teclados Serginho, Elias Jó e Claudinho, percussão geral; Gazu, João e Babu, sopros com Denis Christian, o contrabaixo de Lê e violões Pezinho.


O grupo acabou se desfazendo, ainda lançaram de forma independente em 2002 o CD  “Tudo Novo...Contrariando a Regra” que teve a produção de Pezinho mas com pouca repercussão. Da rapaziada, infelizmente Feijão faleceu com um tiro nas costas em 2008 e Moreirinha faleceu em 2016 de infarto, mas deixaram como herança um pagode bem feito e alegre, principalmente em suas memoráveis apresentações ao vivo no bar Sambarylove no bairro do Bixiga em São Paulo.



Ponto de encontro marcado, clique na capa









Nenhum comentário: