segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O pagode também teve sua "era dos festivais"



Os festivais de pagode e samba! quanta adrenalina! Amizades, casais de namorados, jurados, músicos, idealizadores, críticos, enfim... Como a década de 90 foi o auge do pagode e o número de grupos iniciantes era alto, esse filão dos festivais foi uma maneira de dar oportunidades a eles (e também de faturar uma grana para alguns). Muita história por aí, desde aqueles festivais pequenos até os de grande repercussão. A maioria dava direito a gravação de uma faixa num LP/CD coletânea e outros ofereciam troféus e prêmios em dinheiro. Sei de festivais que prometeram desde Perua Kombi a micro ônibus (veja bem, prometeram). Infelizmente alguns festivais tinham por trás pessoas oportunistas que arrecadavam o dinheiro da rapaziada e davam no pé.

Os grupos participantes eram meio que obrigados a vender uma cota de convites para cobrir "os custos técnicos" da festa. Então era hora da família, amigos, namoradas, enfim o bairro, se juntar para dar uma força aos garotos (a maioria na época eram grupos formados por garotos de 15 a 18 anos). Alugar os famosos “busões” e assim os convites eram vendidos rapidamente. Além da parte de inscrição, dinheiro, convites, o grupo ficava também responsável pela  parte de ensaiar o repertório, escolher a música inédita a ser apresentada no festival, os figurinos, horários e outros detalhes.   

Lembro de alguns festivais digamos de pequeno porte, como os do Recado's Bar, Auge Bar, Podium, Varandas Bar. E outros ótimos e respeitados festivais nesse época como os da choperia Só Pra Contrariar, JB Sambar, Sambarylove, Barracão de Zinco, Tio Sam Club. Além das casas de shows, a emissoras de rádio vez ou outra faziam seus festivais como os das emissoras105 FM , Tropical e Transcontinental FM. E também as escolas de samba tinham os seus festivais como os do Boutequim do Camisa Verde e Branco. Nesse formato, um dos primeiros festivais que tive contato e tinha o pagode como protagonista , foi o da Rádio Manchete  em junho de 1987, que lançou o grupo Chora Menino e Royce do Cavaco. 

Hoje o blog dimiliduques fala do festival do Choppapo, muito querido e respeitado na época. Idealização do Sr. Augusto que era o dono da choperia e casa de shows situada em São Bernardo do Campo-SP. Esse festival aconteceu entre 1990 / 1991 e foi a porta de entrada para vários artistas e grupos bons que despontaram no cenário nacional. Por exemplo Exaltasamba, Katinguelê, Pé de Moleque e Israel do Carmo. No caso de Eliana de Lima e Mauro Diniz participaram da coletânea como convidados. Do festival participaram ainda Juliana (ex-Toca do Coelho), Mãozinha, Carlão Maneiro, os grupos Geração, Samba de Mesa , Brisa da Manhã e Divinos do Samba.  

Foi uma festa de ótima repercussão e divulgação em São Paulo e ABC, ficaram famosos os pagodes da quinta-feira e de domingo do Choppapo. A organização levou a sério o lado musical da coisa. E chamaram para auxiliar na produção Moisés da Rocha e os arranjadores foram Mauro Diniz e o Maestro Jobam. No estúdio Transamérica no Rio de Janeiro participaram das gravações os músicos Lobão Ramos e Leandro Braga (teclados MX7 e Korg M1), Vicente (cavaco), Paulinho Bonfim (bateria), Felipe (surdo e congas), Macalé (pandeiro), Jorge Simas (violão de 6/7 cordas), Mauro Diniz (cavaco introdução e banjo), Adilson Victor (contra-baixo), Marcelinho (tantã/repique de mão) e Ronaldo Batera (repique de anel).

O festival conseguiu emplacar algumas musicas nas melhores rádios de São Paulo, por isso cresceu em importância. Outro detalhe era que possuía um selo próprio a Choppapo Discos e Fitas. Por exemplo, fizeram sucesso no rádio e nas rodas de pagode as faixas; Doce Sabor (Jady) - Grupo  Katinguelê, Carente de Paz (Rogerinho/Helder Celso)-Grupo Pé de Moleque, Deixa Como Está (Juninho/Niltão e Dal) -  Grupo Exaltasamba, Te Tudo (Faéti/Eldon) – Juliana, Nega Tetê (Mãozinha) – Mãozinha, Sonhei e Acordei (Cleo Galante) – Eliana de Lima com Mauro Diniz e Bons Momentos (Jorge Luiz) – Grupo Samba de Mesa.
Depois em 1994 o Choppapo lançou o volume 2 da coletânea onde novamente o Katinguelê entrou com uma música (Primavera e Nós Dois) e o Pixote ficou em segundo lugar ainda com o nome de Revelação do Samba, não gravaram porque receberam uma proposta melhor para duas faixas da gravadora Zimbabwe. Mas isso é história para outra postagem dimiliduques. 


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