quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Zeca um dos poetas do samba


Bom da vida do Zeca Pagodinho não falar muito, ultimamente ele provou ser um ótimo Ser Humano (título de umas das suas músicas de 2015). Então vamos falar do disco do Jessé Gomes, esse carioca da gema e um dos maiores sambistas do Brasil. O disco em questão é o Um dos Poetas do Samba gravado pela RCA/BMG Ariola em 1992. Zeca numa das melhores fases vocais e inspiradíssimo. O repertório, os arranjos desse disco são, na minha opinião, de rara beleza no samba. A produção ficou a cargo do maestro Ivan Paulo. O disco é daqueles que beiram a perfeição, e olha que a fase artistica nem era tão boa assim para Zeca, pois as vendas tinham caído e sua relação com a gravadora na época estava abalada. 

Mas artista faz arte, não se importa com os percalços e faz seu trabalho com dignidade e talento. Daí que a música que deu título ao álbum, composição de Mario Sérgio/Capri e Wilson Moreira, é um pouco o resumo de sua vida, nelas são citadas as palavras poeta, marginal e a frase defensor de uma cultura popular...enfim um samba com voz , violão e caixinha de fósforo, bem mansinho que depois cresce maravilhosamente na segunda parte com um violão de sete marcando.

O repertorio do disco é excelente, a Feijão de Dona Neném (Zeca Pagodinho/Arlindo Cruz), foi feito num dia em os dois espertos foram convidados para bater uma laje na casa da avó de Mônica (esposa do Zeca). Como citado na música o local era na Favela do Rato Molhado em Inhaúma, mas antes Zeca e Arlindo passaram num boteco em Del Castilho e pensando no episódio da feijoada que iria rolar depois da laje, fizeram um samba. Chegaram no local depois que os trabalhos estavam terminados e a feijoada estava sendo servida. Dona Neném percebeu o golpe, mas como eles mostraram o samba que fizeram em sua homenagem eles foram perdoados e ainda comeram do feijão. 

Outra música que eu aprendi a gostar om o meu amigo Christin Laskinha, fã incondicional do Pagodinho e Fundo de Quintal, era Falsa Alegria (Zeca Pagodinho/Monarco/Alcino). Quantas vezes nas noitadas boêmias cantamos esse samba a plenos pulmões, a maioria das pessoas não conhecia, mas se amarravam na nossa empolgação. Outra bem legal era Fumo do Bom (Alamir/Clemar e Arino Ganga), o maconheiros de plantão curtiam. Outras mais que sempre que possível eu pedia um Fá e emendava sem se importar se o tom era aquele mesmo, era Vê se me Erra (Serginho Meriti/Otacilio da Mangueira/Carlos Senna) e Vai Com Deus (Casquinha). Tem outra nesse disco que virou até sinônimo de ricardão que é a Talarico, Ladrão de Mulher (Zeca Pagodinho/Serginho Procópio). 

Se repararem Zeca assina várias músicas nesse trabalho, coisa um pouco mais rara hoje em dia.Talvez por seu lado filantropo falar mais alto e dar espaço aos compositores, já que sua renda vem dos shows, para que ser mais egoísta e também compor e faturar nessa área, é minha visão. Seria falta de inspiração? ele citou em entrevista a Folha de S. Paulo (aqui) que é questão de tempo, correria de gravações, viagens, shows, imprensa, família ou seja muita coisa. Mas como digo por aí nas conversas sobre samba, Zeca é Zeca!

Clique na capa é Zeca!




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