Tive a oportunidade de ouvir esse
LP por inteiro só hoje (quando eu falo ouvir é OUVIR mesmo, com paciência e reparando nos detalhes e tal).
Mesmo assim acho que devo ouvi-lo mais, pois tão belo é. Existem muitas
gravações que acabam não alcançando o merecido espaço, conseguem adentrar nos
corações de alguns, mas merecia muito mais. O grupo A Cor do Samba é
um típico caso. . E que por uma inexplicável ação do acaso acaba ficando em segundo plano, ou mal divulgado ou problemas internos minam o grupo.
Mas vamos falar um pouco do LP e do grupo: destaque para o violão de 7 cordas, bem acentuado e
lindamente tocado, os sopros também deram um toque especial aos arranjos. Sabe aquele trabalho redondinho, bem tocado, bons arranjos,
equilibrado mesmo, pois é aqui é um exemplo. Pode ser até contraditório mas de certa forma revolucionário
em pleno auge do pagode romântico paulistano o grupo A Cor do Samba gravar um
disco puxado mais para a raiz. Só provou que a rapaziada teve personalidade.
O grupo é oriundo da zona Norte
de São Paulo, mais precisamente do bairro da Casa Verde. Gravou esse trabalho
com o título de Forte Emoção em 1995, pela gravadora independente RCE Discos em
parceria com a Velas. A produção e arregimentação ficou a cargo do componente
do grupo, o músico Ademir (que também fez banjo). A orquestração e regência
foram de Zé Barbeiro (também tocou violão de 6-7) e Miltinho (tocou cavaco). Os
outros músicos escalados foram: Naio
Denay (banjo), Serginho (baixo), Rosemary Abensur (flautas), Alexandre Arruda
(trombones), Stanley J. Carvalho (clarinetes), Giba (bateria), Chicão
(tumbadora), Marcelo Alecrim e Jadir (surdo), Califa (surdo e complementos),
Gazu (tan-tan), Regis (ganzá e tan-tan),
João Sensação (pandeiro) , Marquinhos (tamborim e pandeiro), Giba (tamborim)
e Dona Celia, Simone Tobias e grupo A
Cor do Samba (coral). Curiosidade é que o Jadir além de tocar o surdo é um dos
melhores ases no estúdio e mixagem.
As músicas são todas boas, composições
e parcerias do próprio pessoal que formava o grupo e outros compositores, muita
poesia e criatividade, vou destacar as que me chamaram mais a atenção: Forte Emoção
(Edson/Wagner Santos), Medo de Amar (Ademir/Neckis e Nadão), Vizinho do Lado (Ademir/Nadão),
Aquele Adeus (Ademir/Neckis/Nadão) , Pout Porri de partido “Bons Costumes”
(Ademir/Wagner Santos/Edson) e uma super interessante chamada Vida do Aprender (Nadão)
com uma introdução falada interpretando uma conversa como se fosse um menino de
rua.
A formação do grupo era: Nadão,
Ademir, Wagner, Edson , Marquinhos e Reginaldo. Todos ótimos músicos e
compositores que fizeram parte do trabalho intimamente. Destaque lógico para a
dupla Nadão (in memorian) e Ademir, que tem muitas composições com outros
grupos de samba do Rio de Janeiro e São Paulo e também na escola de samba Vai-Vai.
Para se ter uma ideia eles são compositores de um dos sambas mais executados
nas rodas de samba, Menina de Aruanda, gravado pela primeira vez em 1987 pelo
grupo Samba Lá de Casa e regravado inúmeras vezes por outros intérpretes. Ademir
também fez sambas para as escolas de samba Unidos do Peruche, Rosas de Ouro ,
Mocidade Alegre e até de uma escola no Japão, a Bárbaros de Tóquio. Foi
parceiro com Luizinho SP e Edson do partido O Filho do Quitandeiro sucesso
gravado pela dupla Arlindo Cruz e Sombrinha.
Obs : Há na ripagem do LP algumas faixa riscadas, mas nada
que atrapalhe o contexto e a análise musical.
Agradecimentos a comunidade Bandeira do Samba no Facebook.
Clique na capa e pinte e borde com a cor do samba
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